24.2.06

Magnólia e Ardina


Aliados e Praça em obras- Fevereiro


Nos jornais

Mudança nos Aliados não é irreversível no Jornal de Noticias (24.02.06)
«Tribunal Administrativo recusa providência cautelar argumentando que seria possível repor o original por Carla Sofia Luz
«O Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto entende que não há risco de consumação da "destruição completa e irreversível" do espaço urbano da Avenida dos Aliados e das praças da Liberdade e de General Humberto Delgado, já que é possível demolir o que for entretanto executado e voltar a colocar a calçada portuguesa e os canteiros.

Na sentença que julga "improcedente" a segunda providência cautelar, o juiz considera que as associações cívícas Campo Aberto, APRIL e GAIA não têm razão ao recear que a alteração em curso na avenida se torne num acto consumado de difícil reparação.

"Não lhes assiste, contudo, razão na medida em que, sendo certo que o que está em causa para os requerentes é a concreta configuração e arranjo do espaço em causa, então é sempre possível, caso obtenham provimento na acção principal, repor o mesmo tal como ele se apresentava", lê-se no acórdão do Tribunal Administrativo, com data de 19 de Fevereiro, a que o JN teve acesso. [Pode consultar aqui em PDF (729 KB) o texto integral da sentença do Tribunal Administrativo do Porto]

Em análise ao parecer favorável, concedido pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), à reabilitação da Avenida dos Aliados, o juiz defende que aquele despacho não configura uma autorização à prática do crime de dano, como argumentavam as associações.

O IPPAR,
"ao dar autorização para a realização das obras em causa, mais não fez do que exercer as competências e o poder-dever que lhe é conferido por lei", refere-se na sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, adiantando-se que "não é líquido, antes pelo contrário, que estejam em causa obras de demolição" nos Aliados "De facto, as obras que se encontram em curso na Avenida dos Aliados, Praça da Liberdade e Praça de General Humberto Delgado respeitam antes à requalificação desse espaço público".

Associações não desistem
Para o tribunal, a proposta de classificação da avenida e das praças deve-se só aos edifícios, aos monumentos e às esculturas. "Ou seja, os jardins, os passeios, as vias de circulação, enfim, a concreta configuração e arranjo do espaço superficial não se encontram abrangidos no processo de classificação", refere-se ainda. Por isso, não vê "evidente ilegalidade" no despacho do instituto.

Recusando-se a julgar a
"justeza das sentenças" judiciais, as associações (representadas pelo jurista Paulo Duarte) garantem que, em breve, entrará a acção principal no tribunal para analisar o que ainda não foi avaliado, como a violação do estudo de impacto ambiental ou a realização de obras de reabilitação urbana pela Empresa do Metro do Porto fora do âmbito da concessão, entre outras matérias. »


Ler Nota à imprensa
Noticias mais recentes

23.2.06

Nota à imprensa

Obras na Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade
Associações Campo Aberto, APRIL, GAIA,
Como é já do conhecimento público, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto indeferiu a segunda providência cautelar interposta pelas associações Campo Aberto, April e GAIA relativamente às obras que decorrem na Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade. Na semana passada o mesmo tribunal havia também indeferido a primeira providência cautelar (visto que a segunda a tornou parcialmente inútil).

As associações vêm por este meio esclarecer que, apesar de a pretensão de suspender as obras não ter sido atendida, o tribunal não avaliou - ou fê-lo apenas de forma superficial - as questões de fundo em causa: a violação das medidas de minimização resultantes da Avaliação de Impacte Ambiental, a ilegalidade do parecer favorável do IPPAR, a realização de obras pela Metro do Porto fora do âmbito do seu objecto de concessão e a ausência de audiência pública previamente às obras.

Estas questões da máxima importância serão avaliadas aprofundadamente no processo principal que, a breve prazo, dará entrada no Tribunal. Note-se que as acções cautelares são um complemento de acções principais.

As associações não julgarão, em qualquer momento, a justeza das sentenças proferidas. A batalha jurídica será, evidentemente, travada nos tribunais.

Continuaremos, contudo, a denunciar o atentado ao património da cidade que se vem consumando, o qual foi indevidamente autorizado por quem tinha obrigação de zelar pela sua protecção. Acreditamos que, a devido tempo, a justiça nos virá a dar razão.

Não deixamos também de salientar - e nunca tal foi rebatido - que as obras na Avenida dos Aliados se realizaram por dois períodos de forma inequivocamente clandestina, ou seja, na ausência de autorização do IPPAR (e sem que esta instituição tomasse qualquer providência, desrespeitando a sua obrigação legal). Cremos que estas atitudes são reveladoras de uma forma de estar que não é compatível com o que se espera de entidades que, pelo menos em teoria, prosseguem o interesse público.

Pela plataforma associativa,
Nuno Quental


Arquivado em Comunicados
Ver também Os Aliados e a Justiça
Consulte aqui (PDF) o texto integral da sentença do Tribunal Administrativo do Porto

Nos jornais

  • Tribunal indefere providência cautelar para travar obras na Avenida dos Aliados
    Nuno Corvacho -No Público (23.02.06)
    «Argumentação da Metro do Porto foi acolhida
    O Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto declarou ontem improcedente a última providência cautelar apresentada por um grupo de associações cívicas e ambientalistas com vista à suspensão das obras de requalificação em curso na Avenida dos Aliados. Os contestatários, que sempre se opuseram ao arranjo urbanístico concebido por Siza Vieira e Souto Moura para aquele local emblemático do Porto, pretendiam ver suspensa a eficácia do parecer positivo que o Ippar (Instituto Português do Património Arquitectónico) tinha dado à intervenção e argumentavam que a Metro do Porto estaria a violar uma norma da Lei do Património Cultural que impede a destruição de bens que estejam em vias de classificação.
    Considerando que a obra não é irregular nem ilegal, o tribunal acolheu a argumentação da Metro do Porto, segundo a qual a obra incide nos "jardins, passeios e arruamentos", não bulindo com os edifícios e estatuária da praça que, esses sim, estão classificados. Mais uma vez, a empresa lembra que a obra foi suscitada pela construção da estação subterrânea do metro que, devido à necessidade de garantir os respectivos acessos por escadas ou elevadores, inviabilizou a manutenção da praça na sua configuração original. Contactado pelo PÚBLICO, Paulo Araújo, dirigente da Campo Aberto,(uma das associações que subscreveram a providência), reconheceu o insucesso, mas lembrou que as providências cautelares (o grupo apresentou duas e foram ambas reprovadas) são apenas parte de um "processo mais complexo" de cujo resultado garante não abdicar. "Aspectos fundamentais como a ausência de discussão pública a preceder a obra e o facto de não se terem respeitado as recomendações emanadas do estudo de impacte ambiental não foram ainda apreciados pelo juiz", vincou Araújo. Mais tarde, Nuno Quental, da mesma associação, viria a lembrar, em comunicado, que a obra chegou a estar, por dois períodos, "inequivocamente clandestina", dado que decorreu na ausência de qualquer parecer do Ippar, vício esse, todavia, que veio a ser posteriormente sanado. De facto, a batalha judicial nunca chegou a fazer interromper os trabalhos, que, segundo a Metro do Porto, avançam "a bom ritmo", prevendo-se a sua conclusão para Maio próximo.»

  • Obras nos Aliados acabam em Maio -no Jornal de Noticias (23.02.06)

  • Providência cautelar dos Aliados “improcedente” - N' O Primeiro de Janeiro (23.02.06)
    «O Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto considerou ontem legais as obras de requalificação urbanística realizadas na Avenida dos Aliados. Segundo a sentença, é improcedente a providência cautelar interposta por um grupo de cidadãos e associações com vista à suspensão das obras de requalificação urbanística que o Metro do Porto está a levar a cabo. Esta sentença refere-se à segunda providência cautelar (a primeira foi, de igual modo, julgada improcedente), interposta pela Campo Aberto, GAIA e APRIL. A acção requeria a suspensão dos trabalhos de requalificação em curso nos Aliados, argumentando que as mesmas eram irregulares e ilegais, dado que aquela zona da cidade do Porto está em vias de classificação.
    Os requerentes fundamentavam ainda o seu pedido na opinião de que o Metro do Porto estava a destruir a Avenida dos Aliados. A empresa contrapôs que, dada a obra de construção da Estação dos Aliados e dos respectivos acessos por escadas e elevadores, não era possível manter rigorosamente a configuração da avenida.
    Acção principal
    Nuno Quental, da
    Associação Campo Aberto, considerou que “a sentença é clara”, embora, em sua opinião, não se pronuncie sobre “as questões de fundo que motivaram a providência cautelar, ou seja, a violação do estudo de impacto ambiental e a destruição do património, limitando-se a considerar os aspectos administrativos e formais”. “Com a providência cautelar perdida, resta-nos avançar para a acção principal, porque consideramos que a razão nos assiste nesta questão”, reiterou. Este responsável considera ainda que o único parecer que o Ippar emitiu, a 6 de Junho de 2005, só pode legalmente autorizar a primeira fase das obras.»

  • Obras nos Aliados são legais- no Jornal de Noticias (23.02.06)
  • Metro do Porto: obras nos Aliados são legais - no PortugalDiário (22.02.06)
  • Queixa contra as obras nos Aliados - no Jornal de Noticias (22.02.06)

Um passeio pela história

na Collectus -17.02.2006
«É sabido, que já há algum tempo, arrasta-se a requalificação da Avenida dos Aliados. Acentuar a tónica no absurdo que vai ser ao tirar um bocado de história ao coração da cidade é reforçar o nosso respeito pela memória de uma cidade. Essa memória, que ao correr dos tempos, visitamos já com os postais. E são alguns desses postais que trazemos para aqui. Um passeio pela história, na Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade.»

COLLECTUS-LOJA DE COLECÇÕES -TRV. CEDOFEITA 8A/8D — 4050-183 PORTO
9:30H-12:30H / 14H-18:30H - SÁBADO:9:30H-13H
COLLECTUS@GMAIL.COM
http://coleccionar-collectus.blogspot.com/

15.2.06

Citação

«Portugal's urban landscape is not an inspiring sight, with many fine historic town centers in a dilapidated state, surrounded by chaotic peripheries interspersed with unimaginative new development.»
in Architectural Review, Julho de 2004 (transcrito daqui)

12.2.06

Revista de blogues- Fevereiro

Porto, Aliados: Álvaro Siza -11 Fev 2006- zz's Photos
Porto, Aliados: Álvaro Siza- 4 Fev 2006

aliados -11 Fev 2006 - av. dos Aliados Porto in transições & transcrições

De: Pulido Valente - "Reavenida" -10 Fev 2006 «A professora Teresa Andresen disse nas suas últimas intervenções (ou numa só veiculada várias vezes) que não se trata da avenida mas sim da avenida e das duas praças que a coroam de um e de outro lado. Não me parece que seja verdade, O espaço que está em causa é claramente limitado pelas construções que emolduram aquilo a que se chama avenida: praça H.D. e praça da Liberdade (a do cavalo ainda se chama da Liberdade?)(...)» in A Baixa do Porto

De: JA Rio Fernandes - "Praça!" -10 Fev 2006 «(...) Parece-me boa a ideia do alcatrão e penas. Penso que o responsável será o mesmo que não viu nada de extraordinário, que necessitasse de parecer prévio, na transformação da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça General Humberto Delgado num espaço alterado por intervenção estandardizadora (mediocrizante e desrespeitadora da história da cidade, acrescento eu), mesmo quando para o mesmo existia um pedido de classificação, a que os serviços que dirige não terão dado a devida importância…» in A Baixa do Porto

A Avenida -7 Fev 2006 «... Bonito ainda na Avenida, os seus prédios, de traço antigo, altos, imponentes, decores "á Porto", com cúpulas bonitas e vistosas. ... Hoje está esventrada, por força das obras desenhadas(imagem) por Siza Vieira e Souto Moura (...)» in Quotidiano da Miséria

Porto 2039 - Dez - 7 Fev 2006 «O Velho acedeu ao arquivo de um site de turismo que ainda tinha no seu computador e deteve-se a ler por alguns momentos, tentando reaver o que outrora fora a sua Cidade. (...) Durante a década de 80, os arquitectos do Porto responderam às crescentes solicitações de um mercado em expansão. Dois nomes destacam-se como os possíveis chefes de fila da arquitectura do Porto: Fernando Távora e Álvaro Siza. (...)» in Paraísos Artificiais

Conduzindo o Elevador da Glória (um fim-de-semana... -5 Fev 2006 «...- E não é que efectivamente "raptaram" o chão da Avenida dos Aliados, no Porto?! Tanta manif para nada... Tanta história, tantos passinhos dei por ali, e agora levam o chão... para onde o levaram? Tudo pela fama do Siza, por favor... Que disparate tão grande e que revolta senti. Que tal se reformassem os casarões abandonados da mesma avenida em vez de fazerem esses disparates?? Rio, um dia destes atiram-te ao rio ...» in Paseo de Gracia

De: Rui Cunha - "Praça da Liberdade/Av. dos Aliados" -1 Fev 2006 -« Fui, na tarde de Sábado, à Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados. Que desgosto!Como recordação trouxe um frasco com terra negra das antigas hortas. Quem trabalhou nos Clérigos durante muitos anos deixa ali um pouco da sua vida e ...» in A Baixa do Porto

9.2.06

Repetição

Porque vale a pena reflectir sobre o que se está a passar:
HOJE -Quinta-feira às 17:30 - A "requalificação" da Avenida e da Praça na RTPN

Repetiçao do programa BIOSFERA

«As chamadas requalificações urbanas não deixam de suscitar debate, polémica e mesmo protestos. É o caso da actual requalificação da Baixa do Porto. Neste momento o projecto já está consumado no plano das decisões e as obras caminham para uma irremediável conclusão. Defensores e opositores do projecto falaram com a Biosfera.
Este é o tema que lhe propomos para hoje.»


(imagens do programa BIOSFERA)
Para além dos Aliados e da Praça, é também abordado o caso do Bolhão e o problema da requalificação da Baixa do Porto em geral.

NB: Pode ler algumas das declarações de Teresa Andresen -aqui e de Rui Rio- aqui e aqui.

Biosfera # 5 - Os Mestres

«(...)Apesar de termos convidado os arquitectos Siza Vieia e Souto Moura para explicarem o projecto assinado por ambos, não houve disponibilidade para tal entrevista, por isso recorremo-nos a algumas descrições de um estudo prévio e apresentamos algumas das alterações* que a Baixa do Porto irá sofrer.»

*As imagens virtuais apresentadas no programa incorrem no erro de representarem apenas duas faixas para o trâsnsito automóvel, o que não está correcto. Se essa tivesse sido a opção não teria havido necessidade de se diminuir a placa central e sacrificar os jardins com o pretexto de se aumentar os passeios.

Imagem do programa Biosfera sobre a "requalificação na Baixa do Porto"

NB: Pode ler algumas das declarações dos convidados que acederam a serem entrevistados : deTeresa Andresen -aqui e de Rui Rio- aqui e aqui.

Biosfera # 4 - Os anónimos

Passantes e indiferentes? Não o cremos!
Nem tão pouco acreditamos que a memória dos portuenses vá ser tão curta e inconsistente como alguns gostam de fantasiar!

.
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Imagens do programa Biosfera sobre a "requalificação na Baixa do Porto"

8.2.06

Rui Rio não sabe ou não diz?

J. Tenreiro comentando aqui escreveu:
«O que Rui Rio não sabe, ou melhor, não diz, é que o arquitecto Souto Moura já tinha feito um projecto em que apenas se intervinha na placa superior.
O desenho original era reinterpretado e mantinham-se os canteiros.
Neste projecto, publicado na revista de
arquitectura 2G nº5 , embora já apareçam as saídas do metro nos passeios laterais, a placa superior mantinha as dimensões, sendo a via automóvel reduzida para 2 faixas.

Isto quer dizer que a reposição do desenho era possível e foi Rui Rio que pediu um novo projecto ou o arquitecto que o sugeriu...

Por outro lado já em 2000 o então presidente da câmara Nuno Cardoso tinha encomendado ao arq. Álvaro Siza um projecto de remodelação (apenas) da Praça da Liberdade*.
Não sei se o projecto foi mesmo realizado pois não foi divulgado nenhum desenho.
Na época foi apenas divulgado que Álvaro Siza propunha o alargamento dos passeios, e que estes passariam a ser em paralelo de granito.
Nao me recordo se já era proposta a mudançaa de local da estátua de D. Pedro IV.

Pelo que sei a proposta para a Pr. da Liberdade não foi aceite por três razões:
Só previa UMA faixa em cada sentido (nao tenho certezas pois nunca vi nenhum desenho);Falta de dinheiro ; Mudança de executivo

Rui Rio disse ainda na inauguração da Pr. D. João I que não voltariam a haver requalificações como a dos Leões e da Batalha e que os espaços que faltavam requalificar, nomeadamente Carlos Alberto, seriam reconstruidos como eram antes do início das obras... »
J. Tenreiro comentando aqui

Nota: Pode ler-se aqui o estudo prévio do arquitecto A. Siza Vieira para a Praça da Liberdade no âmbito da Porto 2001 (em pdf).

7.2.06

Biosfera # 3 -Rui Rio

«A decisão de preservar o centro da Avenida com os canteiros tal como estavam, hoje já não estão, tal como estavam há um ano, ou há dois anos não é possível. Não é possível nem a mim, nem aos contestatários desta solução se fossem presidentes de câmara. Não é materialmente possível, não há espaço, estão lá as bocas [do metro]. Pronto. Aquilo que está aqui mais em equação é que pedra utilizar. É a única parte onde poderia ser diferente. Isso é.
Eu gosto mais desta solução. Já vi fotografias de confronto: as reais com as projecções de computador. Eu gosto mais e estou convencido que ao fim de seis, sete meses de convívio com a nova solução toda a gente vai gostar também. Espero não me enganar.»

Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto no programa Biosfera

Biosfera # 2- Rui Rio

«Eu mostro esta fotografia, estamos todos muito habituados a esta fotografia e achamo-la normal. Mas vamos olhar com atenção. Qual é a lógica disto aqui? (foto 1) Qual é esta lógica? Uma plataforma aqui à volta? É para as pessoas pararem aqui? Não param aqui. É para ter o cavalo? Podia ser mais pequeno. Mas se fosse maior, como é ? Qual é o sentido? Qual é a harmonia entre isto e depois aqui mais um bocadinho para pararem os carros. Qual é a harmonia disto com tudo isto? Não tem harmonia nenhuma.
Nós achamos que isto está razoável, porque habituamos-nos a isto. Cada um à sua...

Eu há 48 anos anos, outros uns anos mais, uns anos menos e portanto não faz sentido.
Portanto aquilo que o arquitecto Álvaro Siza Vieira e o arquitecto Souto Moura vão desenhar é uniformizar isto até cá baixo. Portanto tem aqui uma placa central que poderá ter determinada utilidade. Pode, por exemplo, fazer exposições... de esculturas, de pintura, ou enfim, desde que não chova pode fazer pintura também. Pode até usar este espaço central...
Os passeios vão ficar muito alargados, aliás esta parte aqui já hoje está. Ou seja a entrada do metro é aqui e neste lado a mesma coisa (foto 2), logo o passeio vai para aqui. Veja bem o tamanho que este passeio vai ter, vai ter grandes espaços de lazer. Mantem os carros ao centro e ainda tem uma placa central que uniformiza toda esta situação.»


Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto no programa Biosfera
(Repetição na próxima 5ª feira, às 17.30)

Biosfera # 1- Teresa Andresen

«Sou profundamente contra a destruição casuística do património das nossas cidades, em particular cidades como o Porto que está inscrita na lista do Património Mundial. E esta área está na zona envolvente dessa área de Património Mundial.

Vai ficar um espaço muito mais vulgar, muito mais banal. Não estou a dizer que não vai ter qualidade . Aliás tem a assinatura de grandes mestres, portanto... poderá não ser a obra prima da vida deles mas enfim, tem essa garantia que é dada, enfim temos os nossos grandes mestres, as nossas grandes referências envolvidas neste processo.


Mas novamente insisto: porquê as saídas do Metro naquele sítio? Isso foi bem pensado para a cidade? Será que era preciso haver duas saídas do metro e a reboque disso então tem que se destruir a avenida! O mote para abrir, a oportunidade para se destruir a avenida dos Aliados foram as aberturas do metro. »
Teresa Andresen, arquitecta paisagista, professora da UP no programa Biosfera

5.2.06

A não perder

A "requalificação" da Avenida e da Praça na RTPN
Repetiçao do programa BIOSFERA

Hoje -Domingo às 15:30 e de novo Quinta-feira às 17:30
Com depoimentos de
Teresa Andresen (FCUP) Ana Moreira (GAIA)

Rui Rio( CMP)

Para além dos Aliados e da Praça, é também abordado o caso do Bolhão e o problema da requalificação da Baixa do Porto em geral.

Opinião # 33-Ainda vale a pena reflectir sobre o que está a acontecer nos Aliados.

Por J.Tenreiro
«A requalificação da Baixa vem reflectir uma questão que é abordada por muitos arquitectos, urbanistas e mesmo outros que dizem que em Portugal não há praças, pelo menos na concepção do que são as Praças Maiores espanholas, centro cívico, administrativo e comercial da cidade. Há até quem diga que o Terreiro do Paço, em Lisboa, não chega a ser uma praça porque lhe falta o quarto lado, o do Rio, e a mesma coisa acerca da Praça da Ribeira!! Assim o projecto para a requalificação da avenida surge como uma proposta “perfeita” para criar uma “Praça” no Porto. E sendo que na visão de muitos arquitectos de hoje uma praça não tem jardins, retiram-se os canteiros e faz-se um único empedrado desde o Palácio das Cardosas até à Câmara Municipal. Adoptam-se, modelos estrangeiros, à “falta” de portugueses, faz-se uma Piazza Navonna, importa-se de França o desenho de uma Fonte do Palácio do Luxemburgo para se colocar num topo, voltam-se as estátuas umas para as outras e já há “Praça”!

A proposta está mais de 90 anos atrasada! Veja-se a sua semelhança com o plano original de Barry Parker de 1915 (com uma fonte no mesmo local onde agora é proposta outra) que foi reformulado por Marques da Silva por se considerar já na época ultrapassado.
Já em 1954 Antão de Almeida Garrett alertava no Plano de Melhoramentos para a escassez de espaço verde na zona central da cidade nomeando a Avenida como um dos únicos espaços verdes na zona central da cidade a oriente da Rua do Almada.

Parece-me que vai suceder o mesmo que já ocorreu nos espaços requalificados, ou deverei dizer desqualificados, durante o Porto 2001. Mesmo a proposta para a Praça D. João I, que era das quatro aprovadas aquela que melhor compreendia a Baixa como espaço de estar, acabou infeliz. Lembro apenas que na proposta apresentada a concurso se propunha a reposição do pavimento central original, de calçada à portuguesa, com os signos do zodíaco rodeando uma rosa dos ventos. Propunha-se ainda o retorno de actividades comerciais aos locais da antiga garagem Fénix e outros que hoje estão completamente fechados à praça. As lojas não voltaram e a reposição do pavimento não foi feita, talvez até a pedido da própria Câmara, e a fonte saiu. Assim, com a perda do elemento central, a Praça D. João I tornou-se deserta e resume-se nos dias úteis à sua função de parque de estacionamento e só em certas ocasiões é um espaço com vida própria, como por exemplo no Euro 2004.
Na “Praça dos Leões” os canteiros foram reduzidos a dois pequenos tapetes quadrados junto às duas “novas” palmeiras. E se inicialmente estavam ajardinados ao gosto da restante intervenção, hoje são verdadeiras miniaturas dos antigos canteiros, resultando totalmente irónico o aspecto da praça.
Na Cordoaria proclamava-se um jardim mais transparente, para chamar as pessoas que daí tinham saído devido aos assaltos. Hoje está transparente mas deserto na mesma. Ninguém lá vai ou porque não aprecia o jardim na sua nova forma ou porque simplesmente não o consegue atravessar, dado os seus percursos labirínticos e unidireccionais. Relativamente à questão da desarborização o arquitecto paisagista que fez o projecto de intervenção disse apenas ter deitado abaixo as árvores que já tinham ultrapassado o seu prazo médio de vida!!!! Mesmo que não se aparentassem doentes foram deitadas abaixo simplesmente para passar um carreiro de granito que leva ao mesmo ponto que todos os demais do jardim. E tudo em nome da transparência!!...

Na época Siza manifestou-se contra este tipo de intervenção e na Rotunda da Boavista mostrou finalmente um melhor método de requalificação de um espaço público, não subvertendo o espírito original do jardim. Esperava-se o mesmo da Avenida dos Aliados, mas o que saiu foi isto......
Quanto à calçada devo dizer que os cubos de granito não parecem ser alternativa viável. Na Praça da Batalha pavimentou-se o solo com o mesmo granito que se está a pavimentar a avenida em nome dos antigos tempos em que tudo era assim. Só que nessa época, e isso não foi dito, não havia passeios! Os primeiros passeios periféricos foram em lageado de granito, e não em paralelo, e as primeiras placas centrais das praças apareceram sob a forma de calçada à portuguesa! Agora rua e passeio são iguais. A primeira foi até reduzida ao mínimo. A um mínimo tal que nem os carros lá cabem sendo obrigados a passar por cima do passeio!!! Com esta última requalificação poderemos ir de Massarelos até à Praça dos Poveiros sempre com o mesmo pavimento.
Anula-se, então, a calçada mais os seus motivos relativos ao vinho, homenagem à cidade, em nome do granito que, aliás, tende a ser mais irregular que a antiga calçada.
A calçada à portuguesa é tão lisboeta como portuense. Que faria um carioca se dissessem que o Calçadão do Rio é lisboeta?? E um macaense sobre a Praça do Leal Senado? Além disso a utilização do mesmo granito no espaço de circulação automóvel é também absolutamente absurda numa época em que todas as cidades com mais de 200.000 habitantes têm de fazer um mapa de ruídos! Será melhor o paralelo do que o alcatrão só pelo seu valor histórico??
Mantém-se o pavimento de calcário em redor da estátua de Almeida Garrett mas não se diz porquê. Na verdade esse pavimento foi desenhado por volta de 1954 pelo arquitecto Fernando Távora, patrono da Faculdade de Arquitectura, bem como professor e colega de Siza e Souto Moura.
A alteração da posição da estátua de D. Pedro, que não sei se irá para a frente, é o culminar de todas estas aberrações e revela total incompreensão do local em causa. A estátua encontrava-se no eixo dos tramos superiores da avenida, daí a sua forma em V. Com a sua alteração de posição toda a geometria da Avenida é posta em causa!
Por fim a remoção prevista das paragens de autocarro tornará este espaço completamente deserto. Funcionará simplesmente nas ocasiões referidas pelos próprios projectistas, ou seja, em manifestações populares e talvez quando um clube de futebol vencer o campeonato. Quereremos uma Avenida dos Aliados só para estas ocasiões ????
Siza disse que sabia que as pessoas iam discordar da intervenção. Mas então porque não reformulou a proposta? Estaremos condenados a viver numa cidade feita contra nós?? »
J. Tenreiro (enviado por mail)

ler outras opiniões aqui e aqui

4.2.06

"Aliados" na TV

No Canal RTPN- no programa BIOSFERA
Sábado às 22.00 horas
Domingo às 15:30
Quinta-feira às 17:30

3.2.06

Opinião # 32- Porto Sem Tino

Pagamos para piorarem a cidade - por Jorge Braga (arquitecto)
Já imaginou fazer obras em sua casa e o resultado ser pior do que o que estava antes?
…É impensável não acha?
Já pensou na forma como têm sido feitas muitas das obras na cidade do Porto há anos?
O Porto só pode estar sentido com o que lhe andam a fazer!
Por exemplo em 2001 (Capital da Cultura), de uma forma despesista foram intervir em alguns casos no que já estava bem, por vezes piorando em relação ao que estava (veja-se o Jardim da Cordoaria -betão e granito). No metro do Porto, que deveria ter mais trechos subterrâneos, (por exemplo, na zona de Matosinhos mais parece um eléctrico turístico), os interiores e exteriores das estações são cinzentos -betão e granito. Para não irmos mais longe vejam as estações de Lisboa cada uma feita por um artista diferente.
Não teria sido interessante ligar o Parque da Cidade ao mar sem a interferência dum viaduto? (que podia ter sido um túnel).
Plantam por toda a cidade semáforos em vez de árvores (nalguns casos ainda as retiram: veja-se a Av.da Boavista!), que na maioria dos casos são ilógicos e/ou descoordenados, retardando os percursos em vez de “escoarem” o trânsito.
As recentes marginais de Leça e Matosinhos, são ou não oportunidades perdidas?
E agora na sala de visitas da cidade, a Av. dos Aliados, o metro do Porto já retirou a calçada portuguesa e substituiu-a por pedras de granito… Como prefere?
E as obras prosseguem gastando mais alguns milhões, para substituírem a calçada portuguesa por granito, tal como fazem a todos os passeios da cidade: ou cimento ou granito!...
Como já repararam, uma especificidade lusa (e dos PALOPS!) são os passeios e praças em calçada que por isso lhe chamam “portuguesa”... O que preferem?
Será que querem criar um cliché de atracção turística à imagem da cidade do tipo “ A mais cinzenta da Europa”, já que é bom sermos os “mais em qualquer coisa”?
…Façam concursos públicos de arquitectura e coordenem eficazmente os serviços autárquicos com gente capaz!
É lamentável termos de assistir a este tradicional “cinzentismo” dos autarcas, a fazer-nos perder oportunidades urbanísticas (já não bastavam as económicas e culturais!), que interferem claramente na perda de qualidade de vida de quem vive o Porto.
Será que temos de fugir todos da cidade (em vez de ser só da baixa!)
Que mais nos irá acontecer?»
(enviado por mail)

Outras OPINIÕES

Frases # 30

«Porquê estragar? Porquê fazer espaço contemporâneo por todo o lado?
E porquê ali? Apenas porque a Metro paga?
Antes houvesse menos dinheiro: talvez pudesse existir mais tino!
Mas se assim é, porque não antes mesmo ao lado, entre S. Bento e a Ponte de D. Luís I? Apenas por birra de alguém? Por favor…»

Rio Fernandes aqui

Outras Frases

Opinião # 31

Os Iconoclastas por Bruno Santos (em 7 Jan. 2006)

Outras OPINIÕES