30.8.05

A quantas andará o "processo R-1962/05 (A1)" ?

25.8.05

Opinião # 11: AV. dos ALIADOS- MEMÓRIA DE UM LUGAR

Por José Mário Pessegueiro de Miranda – Arquitecto

Introdução:
"As boas obras de arquitectura traduzem os próprios ideais, a cultura e a memória de viver dos povos. "

"Há quem julgue elevar a Arquitectura, considerando os arquitectos seres de eleição fadados pelos deuses para deleitar os mortais com o luxo de algumas obras belas e subtis saídas directa e unicamente dos recônditos da sua imaginação e sensibilidade"
"Arquitectura e a vida" Francisco Keil do Amaral - 1940

Qualquer "espaço urbano" merece ser alterado naquilo que apresentar de realmente errado ou muito discutível. Deve também ser reformulado face às novas exigências urbanas e humanas da época esquecendo modas, preconceitos receitas arquitectónicas .
A chamada "intervenção polémica" passa a ser rapidamente nefasta e negativa para um local e para a cidade do Porto, quando são evidentes no projecto não só aspectos muito pouco funcionais, como é claro o desrespeito pela memória e cultura de um espaço urbano tão importante para os Portuenses como é a Av. dos Aliados. Não se trata de ser polémica sequer, é de facto uma péssima intervenção somente elogiada por alguns arquitectos responsáveis pelo PORTO 2001 :

1– Áreas verdes:
Analisando o projecto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Março de 2005 damo-nos conta da subtracção pura e simples das zonas verdes intercaladas na placa central da Av. dos Aliados.
As áreas verdes existentes são hoje parte integrante da imagem forte que Av dos Aliados possui. São também doutrina assente no novo PDM do Porto discutindo-se muito a permeabilidade dos solos, e a substituição dos asfaltos por cubos de granito. Neste caso o IPPAR concordou em retirar áreas francamente permeáveis e permitir a demolição das zonas floridas que trazem diferenças cromáticas a este Avenida, esses valores não contaram . Além de que a existências destes amplos espaço traduzem não só frescura e qualidade ambiental com servem de pólo de atracção para as pessoas se fixarem desfrutarem da paisagem arquitectónica envolvente.
Não se pode pois considerar que as árvores propostas no projecto de Siza e Souto Moura venham a "equilibrar" em termos ambientais a subtracção pura e simples das áreas ajardinadas.
Imagine-se o que serão os bancos isolados no descampado granítico que presidirá na futura reconversão na plataforma intercalada da Av. dos Aliados.
Será que estes espaços verdes foram considerados "trapalhada de canteiros" como alguém lhe chamou ( arq. Virgínio Moutinho) , ou foram entendidos como vulgares "canteiros românticos" que não poderiam ser redesenhados de modo a se enquadrarem nas novas necessidades urbanas ( metro)?

2– A eliminação da calçada existente .
Os passeios previstos no projecto de alteração já parcialmente executados, substituem a calçada existente por cubos de granito serrados e dispostos em leque. A calçada existente com toda a sua qualidade artística e artesanal, através dos seus desenhos (de que se pode gostar ou não) fazem também parte da cultura portuguesa. Com efeito este tipo de calçada muitas vezes vulgarizada e mal aplicada em autarquias dispersas, apresenta na Av dos Aliados uma inegável qualidade de desenho artesanal que poderia ser recuperado e reavaliado de modo a respeitar algo que qualquer Portuense gosta e admira. Não se entende como é que este tipo de passeio tão admirado, invejado e copiado em todo o Mundo é destruído e substituído por uma textura em leque de aspecto vulgar, pouco funcional, desaconselhada para pavimentos pedestres, e com pretensões "pseudo dialogantes" com a envolvente urbana.
Não se entende de facto, como nos Açores e noutros cantos do País se continua a aplicar este tipo de calçada nas superfícies pedonais e nas quais são aplicados renovados tipos de desenho plenos de criatividade e diversidade.

3– A funcionalidade dos passeios
Os passeios de qualquer intervenção urbana do séc. XXI devem atender a aspectos funcionais muito precisos. A fluidez, o conforto e a segurança destas superfícies, são valores bastante mais importantes por quem os usa assiduamente, do que outros aspectos que facilmente se tornam fúteis e esses sim, secundários. A conciliação entre funcionalidade e estética seria um desafio a travar por quem projecta. Acontece que na intervenção da Av dos Aliados nem sequer estes aspectos foram tidos em conta com a substituição da calçada. A nova configuração e tratamento de materiais não respeita a aspectos mínimos de conforto e segurança, além da monotonia do seu aspecto. Os passeios são de extrema importância pois neles passarão milhares de pessoas ao longo dos anos, e são plataformas que defendem os cidadãos dos veículos motorizados. Por isso devem ser diferenciados quer na sua textura quer no seu nivelamento para melhor percepção dos mesmos para as pessoas com dificuldades de visão ou pessoas cegas. A intervenção para Av. dos Aliados comporta exactamente o mesmo material quer para veículos quer para pessoas; cubos de granito. Muito idêntico, aliás ao critério utilizado na Rua da Restauração – Porto. Esta rua mistura circulação de automóveis, carros eléctricos com peões, tornando-se um arruamento com riscos acrescidos especialmente para quem é mais desprotegido, o peão .

Tem sido prática noutros países da Europa e resto do Mundo, a aplicação nos passeios de “texturas de segurança” que avisem as pessoas com debilidades visuais, sobre a proximidade do atravessamento de vias. Isto implica muitas maneira de aplicar texturas bem diferenciadas . Madrid, por exemplo, foi submetida a reconversões admiráveis em todo o espaço pedestre quer no centro que nos arredores da cidade. Em Vigo – Galiza também a reconversão destes espaços há muito que é feita com critérios de funcionalidade.


Seria pois impensável fazer algo de novo como na Av dos Aliados que não atendesse a estes aspectos que a todos os cidadãos interessam. Além da facada cultural que representa a retirada pura e simples das áreas verdes e dos irrecuperáveis dos calcetamento em calcáreo .
A "reconversão em curso da Av. dos Aliados"é mais uma intervenção alheada à memória dos Portuenses e alheada a aspectos importantes do nosso tempo. (08-2005)

José Mário Pessegueiro de Miranda – Arquitecto

19.8.05

Dos Jornais- "Qualidade e contexto"

A Crónica do arquitecto Manuel Correia Fernandes no Jornal de Notícias
«Dois edifícios notáveis a meio dos Aliados o de "O Comércio do Porto" e o da CGD
(...)
O espaço em que a Avenida se insere, inclui, ainda, duas praças (a da Liberdade e a de Humberto Delgado), foi concebido nos primeiros anos da República como um espaço nobre e representativo da cidade dos novos tempos, como se de um único "edifício" se tratasse. Por isso, entre muitos outros detalhes de que, em geral, todos os edifícios são feitos (e não é este o momento de os referir em pormenor), foi criada uma regra para as edificações que ali haveriam de levantar-se. Ora, entre essas regras, estava, por exemplo, a exigência de que todos os edifícios que ocupassem gavetos - e é o caso destes dois -, deveriam assinalar esse mesmo facto, construindo na confluência das duas fachadas, torreões cúpulas, ou zimbórios, ou quaisquer outros elementos que se destacassem da volumetria geral das fachadas da Avenida. Outras regras existiam, como é o caso, por exemplo, da recomendação para o uso do granito, mas de todas as referidas regras formalmente expressas, havia - como há sempre - uma, de especial importância, ainda que não escrita a de que os diferentes autores dos diferentes edifícios, teriam em consideração um determinado "espírito" que era o de que todos e cada um dos edifícios se haveriam de relacionar entre si, de forma a que o espaço urbano resultante, fosse pleno de harmonia, grandiosidade e simbolismo. E, hoje, pode dizer-se que, para bem da cidade da arquitectura, a regra foi cumprida.
(...) »
Ler texto completo

(Lista de outros edifícios de valor concelhio e de interesse público situados na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade)

"Avenida dos Aliados" nos blogues

15.8.05

Os "ambientalistas"

...que assinaram o manifesto já ultrapassaram os 4000!

Veja a lista de alguns destes "ambientalistas" empenhados em defender os valores patrimoniais da sua cidade.
Encontram-se entre todas as profissões: actores, advogados, arqueólogos, arquitectos (bastantes;-),auxiliares de acção educativa, bancários, cineastas, comerciantes, editores, empregados de limpeza, empr. de balcão, empresários, engenheiros , escriturários, esteticistas, estudantes, floristas, fotógrafos, funcionários de museu, geógrafos, historiadores, jardineiros, jornalistas, juizes, livreiros, médicos, músicos, oficiais de justiça, pintores, professores de todos os níveis de ensino, solicitadores, taxistas, tecedeiras, técnicos de lavandaria, trolhas, eu sei lá!

Se reparar com atenção (este recado é para alguns jovens jornalistas...) muitos destes "ambientalistas" são personalidades bastante conhecidas!
Felizmente! E muitas pessoas há que ainda não assinaram mas que de alma e coração não concordam com a transformação radical que atropelando todo o bom senso e várias leis pensam que nos podem impor impunemente!!!!

A opinião de Aquilino Ribeiro

«(...) Em que fase está o Porto?
Estamos à espera que apareça alguém com um projecto de cidade e vamos trabalhar para ele. Mais tarde ou mais cedo, acontece. Em
Arcas Empoeiradas, Aquilino Ribeiro escreveu: "Aquela praça nova [actual Praça da Liberdade] é que foi a verdadeira universidade, não só do Porto, mas deste país, porque foi nela que se forjaram os homens que fizeram a República". Era ali que se encontravam intelectuais e políticos. O nosso Liberalismo não surgiu espontaneamente em 1820, foi sendo construído ao longo dos séculos, quando os nossos mercadores saíam nos barcos barra fora para a Flandres, Inglaterra e Norte da Europa. Ouviam conceitos e novas doutrinas que assimilavam e foi por eles que bateram o pé ao bispo quando este lançava impostos. Chegaram a prender o bispo, que quando fugia para Roma mandava de lá excomunhões e anátemas. E os mercadores diziam de cá: "Excomunhão não brita osso". E foi nas ruelas dessa cidade medieval que eles forjaram o espírito liberal que hoje o portuense usa. »


Como toda a gente com prática de leitura, percorro sempre primeiro os textos (sobretudo os jornalísticos) delizando oblíqua e rapidamente pela mancha gráfica, saltando de parágrafo em parágrafo para um primeiro reconhecimento.
Assim aconteceu com entrevista a Germano Silva publicada (creio que hoje) no Primeiro de Janeiro e de que se transcreve em cima a parte final. Quando deparei com os termos "Praça Nova [actual Praça da Liberdade] " o meu coração até bateu um pouco mais apressado. "Uáu!" O "jovial jornalista" dignara-se finalmente a sair do seu silêncio e a emitir alguma opinião (sobre a destruição da memória na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade).
Nada disso. Ou daí talvez não. Ora tornemos a ler. As gerações futuras e as actuais ficarão sempre na dúvida sobre o(s) verdadeiro(s) significados(s) da passagem transcrita. Está de acordo ou não está? Ou assim assim? Não, não fala nada disso. Fala, olha que fala, para bom entendedor meia palavra basta.
Pelo menos sabe-se que estamos (ele e nós todos?) à espera que apareça alguém com um projecto de cidade... É a nossa costela sebastianista, claro.

14.8.05

Frase # 6

«Antigamente chamavam-se obras de beneficiação, agora chamam-lhes "requalificações" e destroiem tudo!»

13.8.05

Pombos na Avenida

Na Avenida dos Aliados, em redor da Menina Nua continua a mesma imundície e abandono.
Os mails mandados para a CM do Porto foram aparentemente ignorados, o mesmo acontecendo aliás aos que se mandaram para os vários jornais da cidade.
Pobre Avenida dos Aliados!
Quem não te defende? E por que não o faz?

(Qualquer dia vou de balde e esfregona para a Baixa... Alguém me quer acompanhar?
Ou "tão-se" todos nas tintas?)

12.8.05

Nos Jornais- "Empreitada não foi adjudicada"

Com o título "Metro arranca com Avenida dos Aliados ainda em obras" é noticiado no jornal Público de ontem (11.08) que afinal a adjudicação da empreitada para os trabalhos de "requalificação" da Av. dos Aliados e da Pr. da Liberdade ainda não tinha sido feita (apesar de estar para breve).
Não deixa de ser uma pequena satisfação este atraso!
E a atenção que o Jornal se digna dar à "causa"!
No entanto, e segundo a peça, as preocupações e desacordos com o projecto de "requalificação" parecem ser apenas dos "ambientalistas". Tal não é correcto não só pelo poder redutor destes rótulos, mas sobretudo porque nesta batalha pela preservação do património da cidade há muitos cidadãos que nem de longe nem de perto se consideram "ambientalistas" (independentemente das muitas ou poucas costelas "verdes" que eventualmente possuam).

Há ainda a corrigir o que presumo serem "lapsos": o metro não será, nessa zona da cidade, de "superfície"; o granito não é escuro mas da cor do cimento; não houve nenhum pedido de audiência dirigido ao Primeiro Ministro, mas sim ao Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (ler carta enviada no dia 14 de Julho); já agora (o seu a seu dono...) corrija-se também a troca de nomes -Paulo Ramos para Paulo Araújo; e por último o "url" deste blogue - que aconselho vivamente a jornalista a consultar- que está incorrecto.

Segue-se a transcrição de quase totalidade da notícia:
«As obras só ficarão prontas entre Dezembro e Janeiro, segundo a Metro do Porto. Ambientalistas vão, dia 13, reforçar o protesto ao Parlamento

(...) O metro de superfície vai começar a circular no início de Setembro, mas os trabalhos de requalificação não ficarão concluídos antes de Dezembro ou Janeiro de 2006, segundo adiantou fonte da Metro do Porto, que estimou para breve a adjudicação da empreitada. (...)
O projecto, da autoria da dupla de arquitectos Siza Vieira e Souto Moura, prevê transformações profundas numa área que abarca desde a Estação da Trindade até à Avenida da Ponte. A Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade serão unidas por um piso de granito escuro e os canteiros centrais serão substituídos por fileiras de árvores. Na continuidade do quadrado de calcário que torneia a estátua de Almeida Garrett surgirá uma fonte arquitectada por Siza Vieira.

O projecto já obteve o aval do Instituto Português do Património Arquitectónico, mas continua alvo da contestação cerrada dos ambientalistas que, além das queixas ao Governo e ao Ministério Público, já somaram acima de 3500 assinaturas num manifesto contra a empreitada, que consideram desrespeitadora daquela que é tida como a "sala de visitas" do Porto.
O assunto vai ser discutido no próximo dia 13 na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, que pediu para se reunir com representantes das associações ambientalistas.
Apesar disso, Paulo Ramos, da Campo Aberto, mostra-se céptico quanto à capacidade para travar o avanço das obras. "Ficaríamos desiludidos mas não surpreendidos se nada acontecesse", afirmou, lamentando a ausência de qualquer discussão pública sobre o projecto, bem como o facto "de se terem torpedeado as recomendações do estudo de impacte ambiental".
A aguardar resposta continua o pedido de audiência dirigido ao primeiro-ministro, José Sócrates, que terá encaminhado o assunto para a Secretaria de Estado dos Transportes. Independentemente dos resultados, os ambientalistas continuam a recolher assinaturas para o manifesto (www.avenida-dos-aliados.blogspot.com) que pretendem entregar a Rui Rio. "Será mais uma atitude simbólica", ilustrou Nuno Quental, outro membro da Campo Aberto. (...) »

Património # 2

Conjunto de imóveis considerados de valor concelhio e de interesse público existente na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade (área em vias de classificação):
Estátua Equestre de D. Pedro IV
Paços do Concelho
Antigo Banco do Minho
Antigo edifício "O Comércio do Porto"
Antigo Edifício Almeida Cunha, Lda.
Antigo Edifício de Joaquim Emílio Pinto Leite
Antigo Edifício do Banco Nacional Ultramarino
Antigo Edifício d'O Jornal de Notícias
Banco de Portugal
Caixa Geral de Depósitos
Companhia de Seguros “A Nacional”
Companhia de Seguros Garantia
Conjunto de três edifícios de comércio e escritórios
Edifício de habitação, escritórios e comércio
Edifício Imperial
Edifício Montepio Geral / Lima Júnior / Borges & Irmão
Quiosque da Praça da Liberdade (STCP)

Tanto os imóveis como a área em vias de classificação beneficiam do perímetro de protecção de 50 metros previsto pelo artigo 43º da Lei n.º 107/2001.

Alguém nos pode explicar como é que o IPPAR dá (até apetece dizer de mão beijada) um parecer positivo a um projecto que sobranceira e descaradamente (não tenho pejo em o dizer) descaracteriza e arrasa um século de história do urbanismo da cidade?! Uma área aliás que se encontra em vias de classificação.
Por que interesses zela o IPPAR? Pelos da cidade e do património?

3.8.05

Nos Jornais- "Aliados em obras no Verão"

O escândalo!!!! A vergonha! O descaramento!
Quando quase toda a gente vai para férias (eu vou tomar um avião daqui a duas horas!;-(- ignorando os apelos, os abaixo assinados!
O total desrespeito pela CIDADE.

«Aliados em obras no Verão -urbanismo
Renovação da avenida será adjudicada ainda este mês pela Empresa do Metro Execução do projecto de Siza e de Souto Moura, já com aval do IPPAR, demorará três meses
J. Paulo Coutinho
A segunda fase de reabilitação da Avenida dos Aliados avançará ainda este mêsAsegunda fase da renovação da Avenida dos Aliados, no Porto, avança este Verão. A execução do projecto dos arquitectos Álvaro Siza e de Souto Moura será adjudicada este mês pela Empresa do Metro, podendo os trabalhos começar, ainda, em Agosto ou na primeira semana de Setembro. A intervenção ficará concluída até ao fim do ano."Calculo que podemos adjudicar a obra nos Aliados ainda em Agosto. Depois, são três meses de obras", esclareceu, ao JN, Oliveira Marques, presidente da Comissão Executiva da Metro do Porto. O desenho, contestado por várias associações cívicas que exigem a realização de um debate público, obteve o parecer favorável do Instituto Português do Património Arquitectónico.Porém, os primeiros trabalhos na avenida foram executados ainda sem o aval prévio necessário do Instituto. A Normetro procedeu ao arranjo à superfície de acordo com o projecto de Siza e de Souto Moura, no âmbito da construção da estação de metro da Linha D ou Linha Amarela (a inaugurar no dia 3 de Setembro). Dado o valor da obra, foi necessário realizar um concurso público para o resto da empreitada.A Metro procedeu, então, à consulta limitada a seis construtoras, mas os preços não convenceram a empresa. "Decidimos realizar um segundo concurso público a 20 emrpess e estamos em condições de adjudicar a obra dos Aliados", acrescentou Oliveira Marques.
A mudança mais polémica do projecto dos dois arquitectos portuenses é a substituição da calçada portuguesa por granito. Os passeios laterais crescem com os acessos à estação, a placa central ficará mais estreita e passam a existir duas faixas de rodagem em cada sentido. »

No Jornal de Notícias

Património # 1



Conjunto da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça do General Humberto Delgado
Protecção
Grau -Em vias de classificação
Decreto - Desp. de 28 de Setembro de 1993

«Nota Histórico-Artística
A actual Praça da Liberdade designou-se primitivamente por Casal ou Lugar de Paio de Novais, Sítio ou Fonte da Arca, denominando-se, mais tarde, por Quinta, Campo ou Sítio das Hortas. Foi ainda Lugar ou Praça da Natividade, Praça Nova das Hortas, Praça da Constituição e de D. Pedro IV e, mais recentemente, Praça da República.
(...) Em 1718 novo projecto foi lançado, cuja realização teve início quando "o cabido da Sé cedeu a 17 de Fevereiro de 1721 terrenos seus expressamente para uma praça". Novas ruas foram então abertas - a rua do Laranjal das Hortas (futura rua dos Lavadouros, hoje desaparecida) e a rua da Cruz (actual rua da Fábrica).

Da concretização deste projecto resultaria a Praça Nova das Hortas (ou só Praça Nova) limitada a Norte por dois palacetes (desaparecidos), onde funcionaram os Paços do Concelho até 1915; a Sul pela muralha fernandina, destruída mais tarde em 1788 e substituída por um conjunto monumental - o convento dos Frades de Santo Elói - cuja fachada sobre a praça constitui o edifício "da Cardosa", só terminado no século XIX, mas obedecendo ao primitivo projecto - a praça "tout-court". O lado oriental era ocupado pelo Convento dos Congregados, e o lado poente só mais tarde foi edificado.
Durante o século XIX, factores vários - a instalação da Câmara no topo Norte (1819); a inauguração da Ponte de D. Luís (1887); a extensão da via férrea até S. Bento (1896) - contribuem para tornar a Praça definitivamente num importantes centro político, económico e sobretudo social. Em meados daquele século, a Praça era já o "ponto predilecto de reunião dos homens graves da política e do jornalismo, da alta mercância tripeira e dos brasileiros". Predominavam os botequins: "Guichard", "Porto Clube", "Camacho", "Suíço", "Europa", "Antiga Cascata", "Internacional", etc., aos poucos desaparecidos em consequência da profunda reestruturação daquela área, onde as entidades bancárias, companhias seguradoras ou escritórios conquistaram o seu espaço.

As obras da Avenida iniciaram-se no dia 1 de Fevereiro de 1916 com a demolição do edifício que serviu de Paços do Concelho, a norte da Praça da Liberdade, acompanhada do desaparecimento das ruas do Laranjal, de D. Pedro, etc. Ao cimo da Avenida erguem-se os modernos Paços do Concelho, edifício em granito e mármore levado a cabo pela primeira vereação republicana saída do 5 de Outubro de 1910. Foi um projecto do arquitecto Correia da Silva (1920). No seu todo, resultou um conjunto urbano monumental, de particular interesse histórico e artístico. AAM»
Ler texto completo no site do IPPAR

Ver : Lista de Património edificado -concelho do Porto/ 263- wikipedia)

2.8.05

Opinião # 10- "Do preto e branco romântico ao cinzentismo tecnocrático"

por José Cavalheiro -professor da FEUP

«Avenida dos Aliados – O declínio da democracia representativa (08.07.05)

Decidiu a Câmara do Porto virar ao contrário o cavalo de D. Pedro IV, esse rei generoso que nos deixou o coração, defensor de ideias avançadas e que, como pude verificar recentemente, era também um excelente compositor de música clássica.

Pois essa reviravolta do cavalo irá custar, por si só, ao que me dizem, umas dezenas de milhares de contos. Mas se tal bizarra ideia seria já suficiente para espantar o animal, tudo o que se pretende mudar à sua volta causa ainda mais perplexidade: a Câmara pretende nada mais nada menos que arrasar os jardins existentes na Avenida dos Aliados, arrancar a calçada de calcário e prosseguir na obra de desertificação minimalista que já vitimaram a Cordoaria e a Praça dos Leões.

O Porto romântico dos jardinzinhos, dos poucos bancos onde o cidadão podia fazer uma pausa, das calçadas de pedra branca, dá lugar a um universo ainda mais cinzento, onde o escuro do granito das fachadas se espalha agora pelo chão.

As cidades não podem ser apenas locais onde se vive e trabalha. Têm de constituir referenciais de memória dos seus habitantes, elos de união que permitam suprir a cidadania anónima num mundo global.

Locais como a Praça da Liberdade são para o Porto muito mais do que um local de passagem, uma encruzilhada dos caminhos da cidade. A Praça e a Avenida são os locais simbólicos, onde tudo que faz história acontece: aí se comemoram vitórias, datas especiais, mas também onde se protesta e contesta, quando as coisas não correm bem.

Mexer na Praça é pois mexer antes do mais no sistema nervoso da cidade. E depois a Praça é também um cartão de visita, o marco identitário de todos os portuenses. Não perceber isto é estar no Porto sem o perceber, é reduzir a alguns metros quadrados de pavimento toda uma outra dimensão que se sobrepõe em camadas difusas dessa coisa que todos, (não todos afinal), sentimos quando dizemos que somos do Porto.

Afinal quem decidiu tudo isto? Onde se disse antes que a Praça e a Avenida estavam mal, que precisavam de ser mudados? Onde se disse que queríamos esquecer a nossa história? Onde se disse que havia uma prioridade, a Praça, para gastar os parcos dinheiros públicos?

Na reunião promovida por várias associações (Campo Aberto, Olho Vivo, Gaia, April, Quercus e ARPPA) ficou bem claro que foram violados vários preceitos elementares, que se omitiu a consulta pública e que se fez adjudicação directa da obra, tendo sido violado o que se preconizava no estudo de impacto ambiental e era afinal do mais elementar senso comum: a empresa do Metro deveria repor no fim da obra os jardins e as calçadas que tinha levantado.

Uma Assembleia Municipal onde cabem meia dúzia de cidadãos, uma representação eleita que sobrepõe a sua lógica geopolítica à auscultação da cidade, são indícios preocupantes do declínio da nossa democracia representativa

Perante uma atitude autista, insensata e atentatória da memória e do carácter da cidade, propus na reunião já referida que se organizasse uma mini intifada simbólica*, onde cada cidadão arrancasse algumas das pedras cinzentas que já invadem o local.

Reitero aqui a minha proposta, endereçando-a às Associações que atrás referi. Organize-se o arrancamento das pedras que serão guardadas por cada um e proponha-se à Direcção da Câmara uma troca de reféns: devolveremos as pedras cinzentas, para que se usem noutro local, quando a Câmara nos devolver as NOSSAS pedras brancas. Se a Câmara concordar, a cerimónia poderá ter lugar a meio da Avenida com o protocolo adequado a estes actos...

É preciso e urgente que os cidadãos do Porto deixem se ser os meros espectadores/consumidores para voltarem a ser a voz da cidade.

Afinal o Porto é ou não a NOSSA cidade?»


(Comentário: algumas das pessoas -representantes das Associações acima referidas- e o próprio autor deste texto chegaram à conclusão que, dado o "nosso" nível de civilidade e como pior que pedra na mão só mesmo o volante para revelar a agressividade recalcada, esta mini-intifada apesar de simbólica poderia rapidamente descambar para o torto com arremesso dos calhaus da discórdia; consequentemente as pedras cinzentas e as brancas deverão ser substituídas por espuma "grise" e esferovite "blanche" na tal cerimónia simbólica que eventualmente se realizará em data ainda a anunciar.)

1.8.05

As estátuas da Avenida dos Aliados

«Meninos - A Abundância
Obra realizada por Henrique Moreira, em 1931, está situada na Avenida dos Aliados. Apresenta-se como um conjunto decorativo em bronze dourado, composto por três meninos que sustentam uma taça com flores e frutos, representando a abundância. »

«Menina Nua - A juventude
Obra de Henrique Moreira, foi realizada em 1929, encontrando-se na Avenida dos Aliados. Representa uma mulher nua, sentada, com os braços apoiados num plinto das faces do qual quatro mascarões lançam água para um pequeno tanque.»

in Estátuas e Fontes (no Site de Turismo da Câmara Municipal do Porto)