4.8.08

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Deixem-me rir...

«A História registará que o projecto foi alterado sem sequer haver essa coisa elementar de pôr o problema aos projectistas" (...) »

"Siza zangado com Câmara do Porto por causa dos Aliados" no Público
02.08.2008, Natália Faria
«A O arquitecto Siza Vieira, um dos autores do projecto que mudou a face da Praça dos Aliados e da Avenida da Liberdade, acusou ontem a Câmara do Porto de ter feito alterações ao local sem a respectiva autorização dos projectistas.

"Considero absolutamente inacreditável que se façam alterações como as que foram feitas sem dizer nada aos projectistas", declarou ao PÚBLICO. Em causa está a mudança das árvores que para ali foram pensadas (por Siza Vieira, mas também por Souto Moura, parceiro no projecto), bem como a colocação de bancos nos passeios.

Quanto aos bancos, Siza Vieira admite ter sido previamente contactado pela autarquia. "Foi uma cedência depois de uma pressão muito grande que sentimos por parte da autarquia." Apesar de considerar que os bancos "não comprometem o projecto", Siza diz que não gosta da solução. "Aquela avenida tem uma pendente e, apesar de os passeios serem largos, não é muito apetecível estar sentado naqueles bancos.

" Quanto às árvores, o projecto original propunha a colocação de acer platanóides (mais conhecidos como bordos) em redor da fonte e para completar o alinhamento ao longo da avenida, bem como de alguns carvalhos ao fundo da praça. Mas, segundo Siza, "houve árvores contempladas no plano que não foram colocadas", sendo que, "em determinada altura houve ordem para as colocar e depois houve uma suspensão" cujas razões o arquitecto diz não entender.
Pior do que isso é que os acer foram substituídos, em Novembro de 2006, por magnólias de folha perene. "É uma espécie absolutamente exótica e estranha ao ambiente da avenida", lamenta Siza, acusando a autarquia de ter desrespeitado o estipulado no respectivo contrato.

"Estava especificado que, se alguma árvore morresse, o construtor era obrigado a repor as árvores de acordo com o projecto e isso não aconteceu. Aliás, a câmara procurou foi lançar a ideia de que as árvores tinham sido mal escolhidas."

Por causa do ocorrido, Siza Vieira deixa entender que, enquanto o actual executivo liderado por Rui Rio se mantiver, não aceitará novo convite para intervir no espaço público da cidade. "Felizmente, quem está no comando de uma cidade também muda", declarou, adiantando que não pretende, apesar disso, accionar qualquer queixa.

"A História registará que o projecto foi alterado sem sequer haver essa coisa elementar de pôr o problema aos projectistas", conclui. »

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26.10.07

"O gigantone dos Aliados"

Por Alexandra Malheiro-Porto
No Público de 24.10.2007
«Há já mais de um ano que o Porto se viu privado da área verde e de calçada portuguesa naquela que é tida como a sua sala de visitas - a Avenida dos Aliados. Transformada que foi numa plataforma cinzenta, impessoal e fria - decerto belíssima em revistas de Arquitectura, ou não fosse ela assinada por Siza Vieira -, foi transmitida aos portuenses a ideia de que a aridez da reformulada avenida permitiria que o povo acorresse à mesma, às golfadas, aquando das grandes festividades da urbe; como, aliás, já ocorria apenas com manifestos danos para o relvado. Era então encontrada a higiénica solução para aglomerados na avenida!
Aos poucos, dois ou três envergonhados bancos de jardim foram plantados nos seus extremos e, a pouco e pouco, a população começou a fazer uso deles. Feia ou bonita, era atravessada diariamente por centenas de pessoas.
Eis senão quando a placa central da mesma se encontra intransitável, inusitadamente ocupada por um estaleiro gigante com o fim de construir uma igualmente agigantada árvore de Natal, visando tornar-se o megalómano vegetal metálico na mais alta árvore de Natal da Europa.
Não sei se é esperado um surto de turistas de toda a parte do mundo com o objectivo de mirar o mamarracho luminoso na época natalícia, mas o que me é dado ver é que o enorme esqueleto de metal já impede (e ainda vai a meio) a visualização do belo edifício da câmara, este sim, um símbolo da cidade e digno de visita nos roteiros culturais. O pouco espaço que sobra na placa encontra-se ocupado por uma barraca com o pomposo título "O Porto a Ler" que mais parece a liquidação total do fundo de catálogo da Editorial Caminho (sem desprimor para os escassos títulos que lá são vendidos).
Quando o estaleiro for retirado, a avenida estará irreconhecível, com um trambolho cuneiforme que há-de encantar gerações de europeus embasbacados. O bom gosto e o cuidado pelos ícones da Cultura impera. Sugiro que abaixo da arvorezinha se instale uma tenda de circo com palhaços e trapezistas!»

A ler: O impacte ambiental da maior árvore de Natal (metálica) da Europa...

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24.10.07

"A avenida"

por Gomes Fernandes , Arquitecto
No JN de 24.10.2007

«O JN do passado domingo revelou um estudo, "encomendado pela SRU-Porto à empresa CB-Richard Ellis", em que a Avenida dos Aliados, conhecida "sala de visitas" do Porto, está excluída dos circuitos de procura comercial na Baixa, avançando, para o efeito, com medidas para a sua recuperação.

Entre elas, surge a proposta de modificar o seu perfil funcional e de desenho, fazendo regressar ao espaço central o verde dos canteiros e de mais arborização, características radicalmente alteradas no último e ainda recente arranjo.

É fácil concluir que o perfil funcional da avenida não se adequa à imagem intensa e atractiva que já teve e que as modificações introduzidas no seu desenho não ajudaram a tal recuperação, que é urgente operar num novo e moderno paradigma. Há dados novos e a ter em conta, a começar pelas acessibilidades do metro e da recuperada circulação de eléctricos, que não parecem ter ainda sido assimilados pelo interesse dos agentes económicos na instalação de novas actividades e do conjunto dos cidadãos na transformação dos seus hábitos de uso e desfrute de tão emblemático espaço central. Situações que se não alteram de um momento para o outro nem se induzem por exclusiva vontade dos planeadores, pois as receitas, quaisquer que sejam, serão sempre de complexa exequibilidade, pela quantidade de variáveis envolvidas e diversidade de agentes que nelas intervêm.

A mudança do perfil funcional de serviços, com as deslocalizações financeiras, de seguradoras e jornais e a redução drástica de funcionários, e a migração de estudantes para pólos universitários periféricos, associada ao envelhecimento e abandono de população residente, geraram vazios vivenciais que não voltarão a ser preenchidos nos mesmos moldes, daí poder dizer-se que estamos perante um novo paradigma, que envolve outros perfis de residentes e consumidores e uma nova mentalidade urbana. A frente de acção é múltipla e exige que sejam criadas condições novas de alojamento em simultâneo com a chamada de novas actividades e serviços, numa complementaridade de parcerias que podem ter como pivot os agentes públicos com os privados, com a Universidade e com os movimentos cooperativo e associativo, para os segmentos habitacional e cultural.

A avenida só se encherá de gente quando dispuser de actividades e serviços atractivos e dinamizadores e tal só acontecerá por mérito de maiores e melhores fluxos turísticos mas, sobretudo, pela geração de vida desencadeada pelos novos residentes dos quarteirões que a envolvem. E isto, como é visível, irá demorar anos, o que exige, da parte da Câmara, uma estratégia intercalar de substituição animadora, capaz de ir deixando as raízes daquilo que se pretende atingir a médio e longo prazo.

Não parece conveniente voltar a revolver os pavimentos do espaço central da avenida com mais obras que os cidadãos não tolerariam, pelo cansaço provocado pelas há pouco terminadas, devendo, quanto a isso, ser adoptadas medidas de simples execução destinadas a criar "canteiros e mais arborização de sombreamento" e resolver o problema do denominado "espelho de água", que não passa de uma suja e pouco atractiva piscina. Tal espaço central tem servido para tudo, numa desconexa e anárquica utilização funcional que em nada ajuda a requalificar o perfil estético e ambiental da avenida, como consequência também não constitui grande mais-valia no chamamento de pessoas ao centro.

Começar por aqui, por planear regras e disciplina e aplicá-las, de forma criativa na gestão urbana da zona, seria já um bom contributo que a Câmara poderia dar à cidade e incentivar os cidadãos a voltarem a gostar da sala de visitas da sua casa. Planeamento integrado do que se quer fazer a prazo, sim que tem de existir e depressa, mas sem esperar pelos seus eventuais resultados poderiam ser tomadas de imediato algumas medidas disciplinadoras de animação que não têm existido. Conclua-se agora a "maior árvore de Natal da Europa" e pense-se no que virá a seguir, no próximo ano, mesmo antes de lhe desmontar a estrutura agora montada. Seria já um bom e exemplar começo! »


Ler ~: "Arrogância Castigada... mas ainda não os arrogantes"

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21.10.07

"Arrogância Castigada... mas ainda não os arrogantes"

A ler no PNED:
«Quem acompanhou o combate de diversas associações e cidadãos contra a forma como se destruíram os jardins dos Aliados e a sua calçada portuguesa sabe com que arrogância, autoritarismo, desprezo e até chacota várias "autoridades" e "personalidades" se referiram a essas associações e cidadãos por mais do que uma vez, e como até, muitos meses depois, chegam a invocar ofacto de uma juíza ter assinado a petição respectiva para porem em causa asua imparcialidade...

Pois bem. Segundo o JN de hoje (julgo que a notícia está reduzida online sendo a edição em papel bem mais explícita), um estudo encomendado a uma firma de consultadoria britânica para ver se conseguem "animar" os Aliados, chegou à conclusão brilhante (devem ter lido o blogue que os "contestários"criaram na altura e outros documentos de idêntica proveniência...) de que é necessário criar zonas de sombra na Avenida e recantos de repouso bem como (e já que não existe agora solo teria que ser em floreiras...) canteiros floridos. Mas, claro, sob supervisão do "arquitecto".
Talvez, podemos nós imaginar, ele não ache agora "rodriguinhos" as tais floreiras e queira contribuir para "recuperar" os "aliados acabadinhos de recuperar"!

Belo puxão de orelhas à arrogância mas ainda não aos arrogantes, perante os quais, por enquanto, ainda continuam os salamaleques.
Saudações cordiais, JCM »

Aliados fora da rota das compras- no JN

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10.8.07

A ver

25.4.07

A ler- Ainda a Avenida dos Aliados

in A Quinta do Sargaçal
«Hoje fui à baixa, aproveitei para passar na Livraria Chaminé da Mota e ao descer a Avenida dos Aliados, reparo num detalhe curioso.
No meio daquele empredrado projectado pelo arquitecto Siza Vieira, umas precárias cadeiras, mais que precárias, pindéricas. Umas com mesa, outras sem mesa. Gostei especialmente do detalhe de cada uma ter uma espécie de cabo de bicicleta a prendê-las ao chão.
Mais abaixo, quatro bancos de jardim à antiga portuguesa — com encosto e essas piroseiras –, completamente desenquadrados do chão de Siza Vieira. Chão, que é ao que agora se resume a avenida, se exceptuarmos um tanque que para lá anda, de resto, seco.
Mas pasme-se, cadeirinhas e bancos, tudo ocupado ali no meio daquela desolação. Ainda não é tarde para o arquitecto Siza Vieira reconhecer que errou, a obra é fraca e que está na hora de entregar o projecto a quem está mais vocacionado para este tipo de intervenções. Gaste-se mais algum, mas recupere-se aquela praça para os portuenses e para as muitas pessoas que nos visitam. Como está é o retrato da decadência de uma cidade e uma região.

Ao chegar à Estação de S. Bento, há uma vista desimpedida para a avenida da ponte. Passeios de uma largura que mais do que pouco habituais, devem ser inéditos na cidade. Passeios com real capacidade para acolher árvores de grande porte. Nem uma. Não é difícil adivinhar qual é o arquitecto responsável por mais este projecto.
Siza Vieira é sem qualquer favor um dos melhores arquitectos do planeta, um dos meus preferidos, com obras notáveis espalhadas por todo o lado. É uma profunda desilusão constatar que nada percebe da cidade como espaço público, não entende as pessoas e muito menos o verde como elemento arquitectónico.
Esta predilecção dos autarcas por Siza Vieira e Souto de Moura configura apenas uma situação de falta de ideias, imaginação atrofiada, desresponsabilização política e de se tentarem posicionar num patamar que julgam acima de qualquer crítica.
São dos melhores do Mundo, mas a sua escola é do século XX, estão ultrapassados e não sabem projectar as cidades. Os resultados estão à vista.»

Ler comentários

8.4.07

Humor negro


No Dolo Eventual :
«Já lá vai algum tempo, mas só agora é que reparei no slogan da Festa das Flores organizada pela CMP: "A Avenida dos Aliados é o jardim do Porto". Mas que espécie de humor negro é este? »

19.2.07

Magnólia florida


e a Praça desolada...

16.2.07

A ler

Czar Rio , por JRP no Comboio Azul
«(...)
Terá sido a nossa Avenida da Boavista uma influência para Soria y Mata?Independentemente da resposta a esta pergunta, o que me parece absolutamente lamentável é que, tendo a nossa estrutura urbana um elemento que pode ter sido inspirador para um momento marcante da história do urbanismo, tudo façamos para o destruir. Deixam-se demolir os velhos chalets, marca inextinguível de uma arquitectura de elite de final de XIX; termina-se com o eléctrico que, como vemos, está indelevelmente associado à génese da própria Avenida; e, para agravar ainda mais a situação, arrasam-se com as espécies arbóreas, num processo que vem de longe mas que atinge foros de verdadeiro insulto naquela pista de aterragem que lá fizeram, como tão bem ilustrou o Gabriel Silva, do Blasfémias.

Neste capítulo, como em tantos outros malogradamente (como no caso da Avenida dos Aliados), esta edilidade e este obtuso Presidente da Câmara demonstraram uma incompetência e uma insensibilidade assustadora, ao não respeitarem os legados urbanísticos do passado. Está na altura, como já se faz em tudo o que é país civilizado (e que, aliás, está base dos princípios do Porto - Património Mundial), de respeitar a herança urbanística de valor, tal como é suposto prezar a herança arquitectónica monumental.
(...)»

22.1.07

A ler- Folha Paroquial

no Fonte das Virtudes
(Até pensei que tinha sido poupada, pois na minha caixa de correio o boletim de propaganda enganosa só chegou hoje.)

6.1.07

O escândalo das petições

O agendamento de um "pacote" de 11 petições (subscritas por cerca de 80 0000 pessoas) para serem discutidas ontem no parlamento, e o limite de 25 minutos por grupo parlamentar para a discussão de cada uma delas, levou a que representantes das referidas petições manifestassem veementemente «o seu desagrado acusando o Parlamento de ser "a casa da mentira" e de "boicotar as iniciativas de cidadãos"», protesto esse que foi amplamente noticiado .

Para além do tempo insuficiente para uma digna discussão dos assuntos, também foi contestado o escandaloso atraso com que as petições chegam à Assembleia, como explicitou um dos peticionários: «A nossa presença aqui vem sublinhar o desagrado pela forma como a Assembleia da República não está a cumprir com a obrigação regimental de discutir uma petição 30 dias depois da sua apresentação». >

Não podia estar mais de acordo: é um escândalo! E a propósito recordo o que se passou com o caso do nosso Protesto relativo à intervenção urbanística no conjunto Av. dos Aliados/Praça da Liberdade, no Porto -Petição Nº 44/X/1 :

  • admitida em 21 de Julho de 2005, foi alvo de discussão na Comissão de Educação, Ciência e Cultura;
  • o relatório final foi enviado para o Parlamento em 29 de Novembro de 2005.
  • A sua discussão no Parlamento teve lugar passado quase um ano após o início do processo, no dia 12 de Junho de 2006, depois da inauguração das "novas" Avenidas e Praça.

Aliás, sobre este mesmo aspecto chamou então a atenção o deputado António Pires de Lima do CDS-PP com as palavras que aqui se transcrevem: « - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A primeira reflexão que gostaria de fazer a propósito deste protesto que deu origem à petição objecto de apreciação é sobre a eficácia das petições que entram na Assembleia da República. Esta petição entrou nesta Casa há um ano, hoje está a ser discutida, mas, nesta mesma semana, foram inauguradas as obras, depois de devidamente concluídas, que deram origem a este protesto. É preciso fazer uma reflexão sobre se, realmente, esta Assembleia da República pretende dar voz efectiva às petições populares que aqui surgem quando as discussões são feitas depois de os factos estarem consumados. (...) ([DAR I série Nº.134/X/1 2006.06.12 (pág. 6165 - 6166)]

(Ler as intervenções de João Semedo (BE) , Sérgio Vieira (PSD), Honório Novo (PCP), Heloísa Apolónia (PEV), Manuela de Melo (PS), in Petição Nº 44/X/1 - Protesto relativo à intervenção urbanística no conjunto Av. dos Aliados/Praça da Liberdade, no Porto )

Ver também: Resultado do envio das assinaturas para a Assembleia da República

31.12.06

Opinião # 45

«Porto teve tudo menos motivos para sorrir no ano 2006, que hoje termina.
(...)
Meus caros, desculpem-me a minha despudorada arrogância mas, não sendo arquitecto, posso garantir-vos que fazia da nossa Avenida da Liberdade um espaço mais digno do que aquele em que estes especialistas da urbanidade o transformaram.


Não devem brincar com as pessoas com a pretensa visão futurista das coisas só ao alcance dos génios. Se for vivo, daqui a dez ou vinte anos, continuarei a olhar para a Avenida dos Aliados, amargamente conformado, com os mesmos olhos de desencanto e frustração com que a olho hoje. Nada mudará! Estas obras de suposta remodelação pouco ou nada beneficiaram a cidade e o cidadão e jamais farão esquecer a anterior. O que acontece é que o tempo encarrega-se de diluir tudo, mesmo as barbaridades cometidas sobre o nosso património.

Será essa, não duvido, a arma falaciosa utilizada no futuro pelos defensores da actual remodelação quando, resignados pelo tempero dos anos, os portuenses, orgulhosos como são, até acabarem por dizer que até gostam da "nova" Avenida da Liberdade. É no factor tempo que todos os crimes encontram o melhor refúgio para se branquearem.
Apesar dos pesares,

Feliz Ano 2007
Rui Valente»
Ler post completo ( in A Baixa do Porto )

A ler- "Postiços na Baixa"

In A BAixa do Porto por Luís de Sousa

23.12.06

Há um ano

Rio dixit:

«Da coerência e eficácia das políticas de recuperação patrimonial depende, em boa medida, a qualidade de vida no meio urbano. Com inteira justiça e cada vez maior veemência, os cidadãos reclamam hoje o direito a espaços de memória colectiva e fruição estética. E da satisfação desse direito decorre a capacidade de vilas e cidades conservarem o seu carácter identitário, a sua coesão social, o seu sentido de comunidade. Logo, a preservação do património histórico deve ser encarada como um imprescindível serviço público, com o qual se obedece a uma legítima exigência cívica e se fomenta o desenvolvimento harmonioso dos centros urbanos. (...)»
Rui Rio, 2003- citado por Manuel Correia Fernandes na sua crónica desta semana do Jornal de Notícias intitulada Alienação...

9.12.06

Opinião # 44: "A 'pedreira' do Porto"

«A foto retrata a "sala de vivitas" do Porto. Antes, o local era um jardim, sempre renovado: hoje é uma pedreira. A "Menina dos Aliados" tinha flores como tapete; hoje tem um monte de pedras. Será que inventaram um novo estilo de Romantismo: o "Romantismos pedrado"?
Eu não tenho o dom de perdoar, mas mesmo que tivesse não lhes perdoava
...»
Júlio Soares Pereira in Visão -Edição nº 718, 06 Dez 2006

5.12.06

Centro Histórico do Porto -Património Mundial

« Heritage is our legacy from the past, what we live with today, and what we pass on to future generations.» (in UNESCO/WHC )
A propósito dos 10 anos da Classificação do Centro Histórico do Porto -Património Mundial*

A zona abrangida pela Avenida dos Aliados/ Praça da Liberdade encontra-se dentro da área de protecção mas não dentro da área classificada (ver). Refira-se no entanto, e por curiosidade, que o relatório do WHC 's Advisory Body Evaluation indicado no site Historic Centre of Oporto - UNESCO World Heritage Centre menciona "the 18th century Praça da Liberdade with its fine gardens" (?!).

*Links: AMP - Porto Património Mundial ; Patrimonio mundial (O Destino-Porto, CMP) ; Porto- Património Mundial (Portugal virtual); Porto Património Mundial (Porto em Fotografia -António Amen); Porto-Wikipédia

Nos media: Junho 2006- rtp ; Reportagen TSF ; n' O Primeiro de Janeiro ; no JN ; Dezembro 2006 (em construção)

Fotos: Verão e Inverno 2005 (clicar nas imagens para aumentar)

28.11.06

ILEGALIDADE

De acordo com o Relatório do Tribunal de Contas (ver documento em PDF, parágrafos 118 a 129, pp 34 a 36) as obras de requalificação (« ou de "inserção" como referem os responsáveis» ) não se integram no objecto estatutário da Metro- o que aliás tem sido por nós alegado desde o início: ver parágrafos III a) da Acção Administrativa Especial instaurada contra a Metro do Porto S.A, o IPPAR, o MAOTDR e o Município do Porto.

Confirma-se assim a ilegalidade das obras realizadas na Avenida dos Aliados e na Praça da Liberdade, ou melhor dizendo, uma das ilegalidades.

24.11.06

Vistas do alto

Foto de Francisco Oliveira (in Porto Norte)
A Avenida e a Praça vistas do alto

19.11.06

Opinião # 43: "... portanto a questão é essa..."

Orlando Gaspar, ligado às questões do Ambiente há quase duas décadas, o ex-vereador do Pelouro do Ambiente da Câmara Municipal do Porto, em entrevista ao JANEIRO.

«E já que estamos a falar de verde como vê a nova Praça Almeida Garrett e Avenida dos Aliados?
Os gostos são relativos. A verdade é que a obra é de dois grandes arquitectos portugueses. Siza Vieira é um nome conceituadíssimo mundialmente. Recentemente ouvi umas declarações, verdadeiramente inacreditáveis, acerca da obra, raiavam o inconcebível.
O arquitecto Siza Vieira é um grande nome português a nível mundial, e portanto a questão é essa.
A praça, quando foi apresentada, foi passível de exposições no sentido de comparar com as grandes praças europeias. Ao princípio também vi o granito um pouco escuro, acho que depois também alteraram um pouco a cor, mas vamos ver, com a nova plantação, quando o verde das árvores voltar…vamos ver como é que é. Ainda não está acabado. Não gosto de emitir opiniões apressadamente. Vamos ver como é que isto resulta.
Eu compreendo a questão da memória …, do verde que estava no centro, e tenho que interpretar bem a ideia dos cidadãos. Mas quando se faziam as concentrações na praça, aquilo ficava completamente destruído, mas isso seria o menos, agora há uma questão de dimensão.
Hoje vê-se a dimensão da praça…há prós e contras, vamos ver.»

no comments ...

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14.11.06

«Aliados encheram-se de flores»

«É com este título que a Câmara do Porto noticia a Festa das Flores que, no passado sábado, entre as 10h00 e as 16h00, decorreu na placa central da avenida dos Aliados, outrora um espaço ajardinado, hoje convertido em monótono terreiro de granito.
Depois deste arranque, o evento será retomado com periodicidade mensal entre Março e Outubro: haverá flores nos Aliados oito dias em cada ano, em vez dos 365 a que a cidade se habituara. (...)» Por Paulo Araújo
Continuar a ler no Dias com árvores

13.11.06

Nos Jornais

«PND anuncia processo contra Rui Rio
A Nova Democracia vai apresentar uma acção judicial contra o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, no início desta semana, para pedir a reposição do aspecto anterior da Avenida dos Aliados.
"A Nova Democracia esteve reunida sábado e decidiu avançar no início da semana com uma acção judicial contra Rui Rio para exigir a reposição da Avenida dos Aliados", disse à agência Lusa Sandro Neves, membro da direcção daquele partido.
O partido considera que o presidente da Câmara do Porto
"permitiu o esquartejamento de uma das mais emblemáticas avenidas" daquela cidade. "A avenida tinha uma calçada portuguesa única, que representava a produção e o transporte do vinho desde o Douro até ao Porto", afirmou.

A Nova Democracia classifica a requalificação da Avenida dos Aliados como uma "obra criminosa", que foi feita "por alguém que é claramente um inimigo do Porto".
No passado mês de Junho, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, inaugurou a "nova" Avenida dos Aliados, um projecto dos arquitectos Siza Vieira e Souto Moura, que alterou radicalmente a principal praça da cidade.
A obra, que levou à substituição total dos canteiros e da calçada portuguesa que existiam nas três praças atravessadas pela Avenida dos Aliados por paralelepípedos de granito, foi alvo de meses de polémica no Porto.»

Notícia no Público , no Primeiro de Janeiro e no Jornal da Nova Democracia

NB: Na nossa acção judicial (que os jornais deveriam ter referido...) contra

  • o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
  • o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR);
  • o Município do Porto;
  • e a Metro do Porto S.A.

nós não pedimos a reposição do aspecto anterior da Avenida dos Aliados "apenas" por respeito pela população (nomeadamente os nossos amigos comerciantes que nessa avenida têm instaladas as suas casas comerciais) pois sabemos o inferno por que passaram durante os largos anos em que a zona esteve transformada em estaleiro.


31.10.06

Opinião # 42: "...holiganismo cultural"

«Eu sei que não sou artista. Eu sei que de arquitectura não sei nada. Eu sei que Siza Vieira é muito conceituado, já ganhou muitos prémios e fez coisas lindas como a Casa de Chá da Boa Nova.
Eu sei que vocês são pessoas educadas e não falam mal, mas eu não sou assim e a verdade, falando como eu falo, sem polimento, bem, a verdade é que ele fodeu a Av. dos Aliados toda.
Agora é um mar de pedra cinzenta, rodeado de edifícios cinzentos. E porquê ? Porque é bonito ? Não !Porque sai mais barato conservar. Como se ainda houvesse manifestações que calcassem os jardins e a despesa fosse insuportável. Tirando, todos os anos, os festejos de mais um campeonato do F.C.P. nada disso existe mais.
Acredito que fosse necessário modificar mas isto é holiganismo cultural.
Devolvam-me a minha Avenida !
As fotos não são minhas, mostram o antes e, imediatamente a seguir, o depois das obras .»
Contador De Viagens aqui (ver slide show de antes e depois)

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Frases # 38

«Não me consigo habituar. Cada vez que passo na antiga sala de visitas desta minha cidade sinto que me arrancaram qualquer coisa, é deprimente. A única coisa que me ocorre para classificar o que ali foi feito é a palavra crime. Foi uma obra criminosa. Não tinham o direito de fazer aquilo.»
Dragonis aqui (onde também se pode ver um slide show com imagens da avenida antes da destruição.)

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30.10.06

Há um ano

Porto -Esquinas do tempo

Foto e texto publicados n' A Baixa do Porto:
«Foi com grande surpresa que tive a oportunidade de ler uma referência feita por Francisco Oliveira, ao Grupo IF e à exposição que realizou, já nos longínquos anos 80, ESQUINAS DO TEMPO.
Fui um dos autores dessa exposição e é bom verificar que, apesar dos anos que passaram, ainda o catálogo tem uma finalidade importante e muita actualidade! Já nessa época, e é bem visível na fotografia "recente", a agora designada Praça Humberto Delgado, que não sofreu qualquer intervenção na recente destruição que foi executada, era qualquer coisa que tinha vindo substituir um interessante desenho de pavimento.
A propósito das recentes destruíções levadas a cabo, é de lamentar que o(s) autor(es), não se tivessem lembrado da existência da Fonte da Natividade, que se localizava no sub-solo na zona sul/poente da Praça da Liberdade, e de que ainda existem elementos, dispersos pelos jardins do Palácio de Cristal; assim como a existência de um projecto de um monumento a Humberto Delgado, e que era bem mais interessante do que o "tanque/bebedouro" para gado que fizeram sensivelmente no mesmo local destinado à
Homenagem ao Humberto Delgado que, se a memória não me atraiçoa, era da autoria do Arqtº. Pulido Valente e do Esc. José Rodrigues.»
Manuel Magalhães, arqtº.

22.9.06

Opinião # 41

«No Porto, detectam-se dois pares de oposições ou complementaridades: cosmopolitismo versus tradição, anacronismo e provincianismo (...)
O provincianismo vai para a forma como a avenida dos Aliados foi deixada; os antigos jardins deram lugar a um áspero chão de cimento. A praça maior da cidade - muito mais bonita do que as praças principais de muitas cidades espanholas e tão ou mais bonita que a festejada praça de Venceslau em Praga - está triste. Infelizmente, o movimento cívico não impediu a vontade do presente poder político da cidade em tornar feia uma coisa bonita e alegre.»
Rogério Santos in Indústrias Culturais

18.9.06

Frase # 37

«Não conheço muitas cidades que se possam gabar de, numa altura semelhante (mês de Agosto, num Sábado à tarde), terem o seu centro completamente deserto.»
HVA reportando no DESNORTE: ver fotos

Mais frases

2.8.06

A ler: Fábula sizenta do Lobo e da Avozinha

Fotografias aéreas

Para a "nossa" antologia
Google image .............................................. foto daqui (Porto Vivo -SRU)

Outras fotos aéreas: >>, >> , >> , >>

"Inverdades"



No último número da Porto Sempre, revista de propaganda da Câmara Municipal do Porto, continuam a afirmar-se "inverdades" sobre as obras de "requalificação" da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade.
Na página 9 da referida revista afirma-se: « (...) A intervenção, em grande parte condicionada pela construção da estação subterrânea do Metro (...) implicou uma profunda reformulação à superfície. Optou-se pelo alargamento dos passeios em 6 metros de cada lado e a consequente redução da placa central en cerca de oito, o que confere aos Aliados um impacte visual mais homogéneo e moderno, "rasgado" desde a Praça General Humberto Delgado até às Cardosas, segundo um conceito de avenida única e não fragmentada nas suas tradicionais unidades: Praça Humberto Delgado, Aliados e Praça da Liberdade.(...)».

Que placa central? Há duas placas centrais. E não é verdade que se tenha verificado um estreitamento da placa central inferior dos Aliados onde se encontram as estátuas dos Meninos e da Menina Nua ("Abundância " e "Juventude", ambas da autoria de Henrique Moreira).
A largura desta placa mantem-se inalterada como qualquer pessoa pode verificar no local e pelas fotografias.

"ACABOU. Já não há jardins!" -(25.11.05)


26.7.06

Simplex e rapidex

Faz amanhã (27 de Julho) um ano que a Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura acolheu a petição por nós enviada para a Assembleia da República.
(Pode ler-se aqui a carta que acompanhou o envio das assinaturas)
Lembram-se a seguir os passos mais importantes de todo o processo:

Entretanto, graças a um documento oficial- datado de 5 de Julho e assinado pelo deputado António José Seguro presidente da referida Comissão Parlamentar- acompanhado por cópias de documentos da IGAT e ofícios emanados dos Gabinetes do Secretário de Estado Adjunto e da Admnistração Local e do Ministro dos Assuntos Parlamentares, ficamos agora ao par de pelo menos alguns dos passos burocráticos que se seguiram, nomeadamente:

  • 20 de Fevereiro 2006 - documento da IGAT relativo ao processo nº 131.2000- 2/2006, de que se transcreve os seguintes pontos: «1- Por ofício do Gabinete de Sua Excelência o Secretário de Estado Adjunto e da Adninstração Local, entrado e registado nestes serviços em 16. 2. 06, sob o ofício nº 1331, é transmititida à IGAT, para efeitos tidos por convenientes, fotocópia do ofício nº702-MAP, de 6.2.06, com anexos do Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares. .... 2- Da análise dos documentos enviados, nomeadamente do Relatório Final elaborado pela Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, retira-se numa perspectiva tutelar e em síntese, o seguinte (...) .....3- Nos processos administrativos da IGAT nada consta sobre a matéria em questão. Parece-nos, no entanto, inteiramente redundante proceder às habituais diligências instrutórias, dado a tramitação precedentemente referida, a relevância de que esta se reveste (vd. artº 181º da CRP) e os resultados a que chegou, devendo a IAGAT (...), proceder de imediato à intervenção que lhe é solicitada no âmbito da competência que lhe é conferida por lei (...)»
  • 23 de Fevereiro - documento da IGAT endereçado à Subinspectora Geral e assinado "P'a Chefe da Secção de Processos" sugerindo a «realização de um inquérito(...) »
  • 02 de Março 2006- Despacho do Inspector Geral da IGAT -recomendando que «se proceda à realização de um inquérito urgente à Câmara Municipal do Porto, para verificação dos actos e contractos em causa. à consideração de Sua Excelência o Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local.»
  • 8 de Março de 2006- Ofício emanado da IGAT (em resposta a comunicação de 6 de Fevereiro) endereçado ao Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Admnistração Local acompanhado de cópia de despacho anterior.
  • 15 de Março - Ofício (nº 758) do Gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Admnistração Local (com carimbo de urgente) endereçado à Chefe do Gabinete do Ministro dos Assuntos Parlamentares dando conhecimento do anterior.
  • 16 de Maio- Ofício do Gabinete do Ministro dos Assuntos Parlamentares endereçado ao Presidente da 8ª Comissão com cópia do ofício anterior e anexos.
  • 9 de Junho- Novo documento oficial, aditamento ao ofício (nº 758) de 15 de Março, comunicando «ter sido exarado o seguinte despacho: "Concordo. Proceda-se com urgência à realização do inquérito proposto pelo Sr. Inspector- Geral. 10-3-2006 /Ass.: Eduardo Cabrita"».
  • 5 de Julho - o já referido ofício do Presidente da Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura.

( a arquivar em- Resultado do envio das assinaturas para a Assembleia da República )

20.7.06

Opinião # 40- "A alma da Invicta"

Por Helder Pacheco no Jornal de Notícias
« (...)
Esta é uma verificação, porventura cruel, para um portuense nascido e criado no Monte da Lapa, que, no regresso ao Burgo, encontra o panorama que há longos anos foi sendo construído numa cidade onde as políticas de reabilitação urbana (física, social e económica) foram sendo proteladas. Ou, quando não, desvirtuadas, como também faz notar a continuação do depoimento "Então aquela Praça dos Leões, insípida, impessoal, onde o verde do jardim deu lugar ao cinzento cada vez mais pardo. Os grandes armazéns fechados, o deserto de gente, a austeridade do granito e principalmente o aterrador silêncio, fez-me ter medo da minha cidade. Onde está a alma da Invicta?"

Estas palavras só não batem como punhos na consciência de muitos responsáveis por sucessivas intervenções nos espaços públicos porque continua a haver quem considere que tais espaços são para fazer deles gato-sapato em nome das modernizações e da rejeição do provincianismo.

Quando, há tempos, ouvi dizer que
"cada época tinha o direito de acrescentar a sua marca aos espaços públicos portuenses", comparei logo as praças dos Leões, Parada Leitão, Relação, Poveiros, Batalha, etc. * com as Plazas Mayores de Madrid e Salamanca, a Place des Voges, em Paris, a Grand Place, de Bruxelas e muitas outras - onde podem ser feitas obras de beneficiação, mas ninguém tem a arrogância de a modificar a seu bel-prazer.

Todavia, no grito ou no sentimento deste leitor, o mais doloroso ainda estava para vir, ao dizer amargas palavras
"Eram 8.30 horas da manhã... Onde estavam as pessoas, os pregões, as vendedeiras no Anjo, o chiar dos eléctricos,, o bulício da cidade (que já foi do trabalho), os caixeiros a lavar as frontarias com os paus de guardas no passeio? Onde estão os cheiros e os sons do meu Porto? Onde anda a alegria de viver dos portuenses? Como dizia Vasco de Lima Couto (mais um poeta esquecido):
- Que povo é este, que povo?"

Esta ligação ao carácter, não apenas urbano, mas sobretudo humano do Burgo tripeiro, tem o condão de nos alertar para algumas questões insofismáveis. A primeira é que nela perpassa - como em outras - a sensação de perda sem retorno por quem se viu obrigado a abandonar o seu espaço vital. A segunda é que, para quem agora vem à cidade como visitante chegado de um país estrangeiro, a observação dos malabarismos pseudomodernizadores dos espaços públicos representa o desaparecimento de referências estabelecidas com um território de onde foi retirado o simbolismo e baralhadas as marcas de coesão cívica.

A terceira é que, face às intervenções descaracterizadoras do seu chão vital, diante do que vêem e sentem como agressão e insulto, muitos portuenses estão a reagir negativamente a toda e qualquer transformação.

De facto, há que distinguir entre a importância da inovação e as mudanças incompetentes e inconsequentes, que nada têm a ver com o verdadeiro espírito do Porto, que nunca foi indiferente à modernização. Porque uma coisa é o irremediável de uma cidade perdida, outra é o remediável de requalificações recicláveis. Podemos sempre recuperar o que se estragou, o Palácio de Cristal é que nunca mais e, se a ponte Maria Pia cair, também não.

O importante é continuar a acreditar que o Porto é mais e melhor de que uma sucessão de intervenções que nunca conseguirão ser aceites pela opinião pública. A verdade é que não podemos cair na depressão de reduzir os problemas do Porto à intervenção nos pavimentos e passeios de umas quantas ruas, praças e jardins e não estabelecer um projecto global de desenvolvimento cultural, económico e social para o verdadeiro renascimento urbano.»
* Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade...- acrescento eu.
(Em vez de estar subentendido devia estar antes a negrito... -acho eu)
Anteriores:

11.7.06

"Dever de prévia audição dos cidadãos"

A propósito da opinião aqui expressa pelo Dr. Levi Guerra sobre a oportunidade/necessidade de "plebiscito público" acerca da intervenção na "Avenida das Aliados e Praça da Liberdade", lembremos o que se diz sobre este assunto na Acção Administrativa Especial (intentada contra o Instituto Português do Património Arquitectónico -IPPAR, o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional -MAOTDR, o Município do Porto e a Metro do Porto S.A..).

«C -Não cumprimento do dever de prévia audição dos cidadãos, imposto na Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto (Lei da Acção Popular _ LAP)

104. Preceitua o art. 4.º/1 da LAP que "a decisão sobre a localização e a realização de obras públicas ou de outros investimentos públicos com impacte relevante no ambiente ou nas condições económicas e sociais e da vida em geral das populações ou agregados populacionais de certa área do território nacional devem ser precedidos, na fase de instrução dos respectivos procedimentos, da audição dos cidadãos interessados e das entidades defensoras dos interesses que possam vir a ser afectados por aqueles planos ou decisões".

105. No n.º3 da mesma disposição, "são consideradas como obras públicas ou investimentos públicos com impacte relevante para efeitos deste artigo os que se traduzam em custos superiores a um milhão de contos ou que, sendo de valor inferior, influenciem significativamente as condições de vida das populações de determinada área, quer sejam executados directamente por pessoas colectivas públicas quer por concessionários".

106. O custo global (incluindo despesas com projectistas) das obras planeadas pela Metro do Porto, SA para o conjunto da Praça da Liberdade, da Avenida dos Aliados e da Praça General Humberto Delgado ultrapassa a cifra de € 5 000 000,00.

107. De todo o modo, trata-se, seguramente, de uma intervenção urbana que influencia significativamente as condições de vida da população do Porto, como, de resto, é testemunhado pela alargada discussão pública informal que tem gerado . (...)

108. Importa não esquecer que aquilo de que se trata é, assumidamente, de uma intervenção que transforma radicalmente, na sua estrutura, fisionomia e conteúdo, um dos espaços públicos mais emblemáticos da cidade do Porto.

109. Não obstante, a Metro do Porto SA, infringindo o dever a que legalmente estava adstrita _ pois que o seu plano de intervenção naquele espaço municipal se subsume efectivamente na previsão do art. 4.º/1 da LAP _, não pôs em marcha o procedimento de audiência prévia previsto e regulado nos arts. 5.º a 10.º da LAP.»

Restará ser provado no Tribunal se sobre estas obras oportunistas devia ou não ter havido audição dos cidadãos interessados e das entidades defensoras dos interesses que foram afectados por aqueles planos ou decisões; se efectivamente o resultado do silêncio que nos quiseram impôr, foi uma violação da lei.
Saliente-se todavia que não precisamos do julgamento do tribunal para sentenciarmos quanto todo este projecto e processo evidencia de desdém e clamoroso desrespeito pela cidade e pelos portuenses.

9.7.06

Opinião # 39- "Foi assisada a obra de Siza no coração do Porto?"

Por Levi Guerra* n' O Primeiro de Janeiro- 9 de Julho de 2006
«Nunca pensei pronunciar-me sobre esta questão! Por muitas razões que me não obrigo a explicar. Aconteceu, porém, que ontem à tarde, uma tarde quente, luminosa e de céu sem nuvens, fui a Guimarães por razões culturais que também não especifico.

(...)
Nem só depois, mas logo que ao Toural assomámos, me vi a recordar a Avenida dos Aliados do querido Porto que é minha Terra de adopção desde a juventude. Dias atrás subira-a a pé, vindo da Casa de Guerra Junqueiro, onde assistira à abertura da belíssima exposição sobre Guilhermina Sugia, a caminho do Hospital da Lapa. Descida a escarpada e tumultuada Avenida da Ponte, passada a Praça de Almeida Garrett, frente à estação de S. Bento, dobrada a esquina para o passeio das Cardosas, atravessada a rua, vi-me na Praça da Liberdade onde se erige a estátua equestre de D. João IV (sic), felizmente ainda com cavalo e cavaleiro voltados para Lisboa, e estaquei, triste, frente ao velho Café Imperial com a monumental águia sobre a entrada, pouso das diárias tertúlias de intelectuais e professores de variadas proveniências citadinas, de encontros de comerciantes e industriais em acalorados palratórios, senão de grupos de bilhardeiros que diariamente despicavam o carambolar das três bolas – duas brancas e uma vermelha, de marfim ou de massa especial- movimentadas pelos golpes tecnicamente subtís dos tacos que as faziam correr sobre o pano verde que esconde a ardósia, os bilhares, sempre iluminados por dois candeeiros suprajacentes e a curta distância colocados.

Mas, logo me vi no início da Avenida dos Aliados. Passei para o meio dela, e vi-me, desolado, junto da marmórea ninfa desnudada e que sentada, de tronco ligeiramente encurvado com os braços a lateralizá-lo, de mãos apoiadas e seios descobertos, de olhar sereno e púdico, ali estava isolada, como que estranha e fora do natural ambiente em que ali, há quantas dezenas de anos?, fora colocada. E olhei para diante, para cima, no sentido do edifício da Câmara.

Sofri um baque no peito que quase me sufocou! Não queria crer no que via! Como fora tal possível?!!! Que houvera? Que temporal assolara a bela Avenida dos Aliados?!!! Se o Porto fora Berlim que arrasado se reconstruiu, vá lá! Mas nem em Berlim vi espaços recuperados ou reedificados, assim tão despidos e frios, como agora está a Avenida dos Aliados tornada praça de plúmbeo chão granítico a ligar artificialmente os outros espaços contíguos que ainda detêm o nome de praças, a de Humberto Delgado e a da Liberdade! Como é possível?! Como foi possível? Repetia, interpelando-me…

Não, não acho que estas decisões sobre questões patrimoniais desta grandeza e importância tenham de ser submetidas a plebiscito público (1), porque há valores que se tem de respeitar e que ninguém numa sociedade civilizada pode pôr em causa. Será alguma vez acto civilizacional pôr-se a plebiscito o direito à Vida?

O Jardim da Cordoaria foi, em 2001, outro exemplo. São atentados a um património identificável que ninguém tem o direito de destruir.
Património evidente e importantíssimo, de rostos antigos, criados e mantidos há dezenas de anos pelas gerações que nos precederam e que cumpre civilizacionalmente respeitar, gente sábia e sabedora, e cujos olhares se terão dulcificado, quantas vezes!, na beleza daqueles espaços de jardins prenhes de canteiros policromos a realçarem-se do verde dos relvados circundantes, sem se esquecer a beleza dos largos passeios que faziam da Avenida dos Aliados um local de calcorreio muito aprazível – como os que sabiamente restam em Guimarães . Tudo isto, no seu conjunto, fazia da Avenida dos Aliados a Sala Nobre da Cidade, a sua Sala de Visitas.


Álvaro Siza Vieira, é o maior Arquitecto português vivo, diz-se no “site” da Internet (Google). E diz-se mais, assim: …talvez o melhor arquitecto que o País jamais teve – cujas obras ao longo dos anos tem provado estarem entre as mais coerentes e completas de todas as grandes obras arquitecturais do Século XX. Esta coerência não é baseada na repetição estilística: assenta na evolução progressiva do acto de desenhar; como tal, o trabalho de Siza Vieira é imediatamente reconhecível onde quer que se encontre…Ele próprio diz de si: “o que é preciso e vejo na arquitectura é clareza e simplismo…”
Eu também admiro muito a obra arquitectural de Siza Vieira.


Se a Avenida dos Aliados nem tivesse história nem tivesse imprimido carácter àquela parte da Baixa do Porto que integra o seu núcleo histórico, tudo bem, seguisse ali Siza Vieira as suas aplaudidas e laureadas "vias da clareza e do simplismo" que eu, aliás, tanto aprecio nas edificações da sua autoria, sobretudo na área da museologia onde tem um mérito insuperável.
Lamento que Siza Vieira tenha aceitado mexer no que não era tocável. Lamento que tenha havido quem lhe tenha pedido que o fizesse. O grande arquitecto Siza não produziu, não! e não! e não!, obra assisada no coração do Porto. Restou desolação!

Lamento muito que não tenha sido mais senso e que, desde agora, passe a ver-se incluído na sua gloriosa obra de prestígio mundial, que tanto honra a nossa Pátria, tão lamentável desacerto cometido. Pelo menos sê-lo-á, por certo, penso, para muitos dos que conheceram a Avenida dos Aliados. Quando a memória se apagar, talvez venha quem por tal o enalteça. Siza Vieira é muito grande para ser negativamente tocado com o que aqui digo. Faço-o por império da minha cidadania, mais nada! Não para o desmerecer. »
*-Médico. Professor Universitário jubilado.

1- Comentário: Mas é justamente "porque há valores que se têm de respeitar e que ninguém numa sociedade civilizada pode pôr em causa" e para impedir os actos de quem não age em função desses valores (por interesse, incultura, incompetência etc.) que a lei prevê o "dever de prévia audição dos cidadãos" .

Outras opiniões

4.7.06

Frase # 36

«É trágico que o espaço público do Porto esteja refém de arquitectos guiados por uma ideia desvairada e obsessiva: a de que os canteiros floridos são incompatíveis com a modernidade.

Enquistados na sua bisonha auto-suficiência, deles não podemos esperar que algum dia abram os sentidos ao fascínio das flores; mas que a cidade seja por eles condenada à mesma cegueira é de um despotismo insuportável.»

Paulo Ventura Araújo aqui

2.7.06

Verde, vermelho, amarelo e cinza

Patriotismo futebolístico na Avenidados Aliados

(...há quem entenda que a destruição se justifica com espectáculos como este, ou para espectáculos como este...)

Opinião # 38- A destruição da Avenida dos Aliados

Rui Vaz Osório (in Público -Local 02.07.06)
«Quando se iniciaram as obras para a construção da estação do metro na Avenida dos Aliados, afirmou-se publicamente que tudo aquilo que estava a ser destruído iria ser totalmente reposto, com excepção de um ou outro "respiro" da estação, que poderia provocar alterações pontuais nos jardins. Os portuenses descansaram e eu, embora não percebesse lá muito bem o interesse de uma estação do metro naquele sítio, com a da Trindade logo acima e a de S. Bento logo abaixo, descansei também. (...)

O tempo foi passando e, a dada altura, começou a falar-se na "requalificação" da Avenida dos Aliados. Então, lembrando-me do que tinha acontecido com o jardim da Cordoaria, comecei mesmo a preocupar-me, para entrar em pânico quando vi o projecto publicado.
Seria verdade que aquilo era mesmo para fazer? Seria possível que a câmara aprovasse e impusesse aquele cinzentismo à cidade sem a esclarecer e consultar? A população seria tão abúlica que não esboçasse qualquer forma de protesto? E o Ippar, que tanto barulho tinha feito por meia dúzia de metros da boca de um túnel, iria ficar calado perante tal destruição no coração da cidade?

Entretanto as obras continuavam, os protestos que surgiram foram totalmente ignorados, e eu ia procurando consolar-me repetindo para mim mesmo:- Se calhar, sou eu que estou a ver mal o problema. É capaz de não ficar tão mal como parece! Só que, quando vi a obra completa, constatei que ainda tinha ficado pior do que eu imaginava.

Quando era jovem, assisti à destruição do Palácio de Cristal para se construir o Pavilhão dos Desportos (...). Ficou para a história, como autor desse crime, o então presidente da câmara coronel Licínio Presa. Julguei que, durante a minha vida, jamais iria presenciar outro atentado semelhante contra o património cultural e artístico da cidade. Enganei-me. Novo crime foi cometido, e a história julgará a câmara e o presidente que o consentiram.

Tantas vezes mostrei aquela bela avenida aos cientistas e amigos de vários países meus convidados para congressos, reuniões de trabalho e outros eventos realizados na minha cidade... E sempre eles saíram do Porto encantados com o que tinham visto! E, agora, o que é que eu faço? Vou mostrar aquilo? Palavra que me sinto tentado a levá-los até ao Cais de Gaia... »

Outras opiniões

Opinião # 37- A cidade cinzenta

por Alexandra Malheiro (in Público -Local 02.07.06)
«Desde sempre me habituei a chamar de "cidade cinzenta" à minha cidade natal. Caracterizado pelo granito e o nevoeiro, a cor cinza marca o rosto do Porto. Há, porém, uma luz coada pela névoa que é especial, aquecendo e animando os que nela residem. É este o Porto dos meus afectos.

Nos tempos que correm, esta asserção sobre o cinzento deixou de ser poética, passando a ser factual ou, se metafórica, não se refere à aura da névoa matutina, mas, antes, ao cinzentismo que acometeu a vida desta cidade, fruto da inépcia dos que a governam.


Agora, a cidade empardeceu de vez, com a sua "sala de visitas", os Aliados, transformada numa pista mate sem graça e sem verdura, alienada que foi a memória colectiva dos banquinhos vermelhos em torno dos canteiros e das noites de S. João, onde, de costas sobre a relva, se esperava o fogo-de-artifício. A beleza tão invulgar da calçada portuguesa substituída por paralelo! A avenida transformou-se num longo corredor cinzento e inóspito, onde não apetece permanecer, encimada por uma piscina demasiado pequena para saltos e feitos olímpicos e demasiado grande para tanque comunitário (...).
Tenho esperança de que um ou outro skater mais afoito passe a usar a avenida como pista de treino! (...)
Junto à câmara, qual reminiscência, permitiram ao Garrett que o debruasse um canteiro e, em vez de uma cascata, neste S. João, ficámos apenas com um santinho pequenino, ele próprio prestes a mergulhar numa piscina minimalista, assim o ajude o vento!

A avenida é, afinal, o verdadeiro retrato desta cidade de agora, a cidade cinzenta que vê morrer a sua cultura, a cidade que vê partir para a outra margem do Douro desde investimentos de monta ao campo de treinos do clube maior da terra, e se vê ameaçada de até a Feira do Livro mudar de armas e bagagens. Esta cidade que é cada vez mais silêncio, solidão e vazio. É esta cidade que, vergonhosamente, esqueceu o aniversário de morte de Eugénio, o seu maior amante e glosador! Nem um gesto, nem uma linha! Vergonhoso!
E em não havendo cascata... resta-nos partir para Gaia e ficar de lá a mirar a cidade descendo em socalcos até ao rio. "Ver-te assim abandonada/ nesse timbre pardacento..."»
Alexandra Malheiro
Outras opiniões

28.6.06

Para que conste

Este blogue defende a imagem do Porto, ao contrário do que alguns poderão eventualmente pensar.
(Aproveito para esclarecer- se é que a alguém interessa- que não pretendo com esta observação candidatar-me a nenhum subsídio ou favor! Ou melhor: mesmo que pretendesse, não seria por isso que deixaria de continuar a defender a imagem da cidade, tal como entendo que a devo defender.*)
Vem isto a propósito do caso
aqui e aqui noticiado.
* Claro que esta é apenas a minha opinião pessoal!
Por alguma razão este blogue é independente!

25.6.06

Frase # 35

« Heritage is our legacy from the past, what we live with today, and what we pass on to future generations.» (in UNESCO/WHC )

A propósito dos 10 anos da Classificação do Centro Histórico do Porto -Património Mundial*

.............................................................................................................................................

A zona abrangida pela Avenida dos Aliados/ Praça da Liberdade encontra-se dentro da área de protecção mas não dentro da área classificada (ver). Refira-se no entanto, e por curiosidade, que o relatório do WHC 's Advisory Body Evaluation indicado no site Historic Centre of Oporto - UNESCO World Heritage Centre menciona "the 18th century Praça da Liberdade with its fine gardens" (?!).

*Links: AMP - Porto Património Mundial ; Patrimonio mundial (O Destino-Porto, CMP) ; Porto- Património Mundial (Portugal virtual); Porto Património Mundial (Porto em Fotografia - António Amen); Porto-Wikipédia

Nos media: rtp (22.06); Reportagen TSF (24.06); n' O Primeiro de Janeiro (25.06); no JN (25.06);

Outras Frases

24.6.06

Nos blogues



Antes e agora: Aliados - a memória presente ( A Cidade Surpreendente)
..........................
Adenda (outubro 2006): em "slide show"
«O meu coração desce,
Um balão apagado.

Melhor fora que ardesse
Nas trevas incendiado(...)»

Camilo Pessanha

22.6.06

Ó meu rico S. João

Foto de Teodias
Ver aqui e aqui outras fotos de S. João na cascata deste ano (in Porto Daily Photo)

Hoje publica-se a seguinte quadra na linha da popular "E repenica, repenica...":
Ó meu rico S. João
Olha o que te foram dar
Um tanque "comme à Paris"
Para nele poderes m.....
(MD)

(Envie-nos as suas quadras.
No S. João, tal como no Carnaval, ninguém deve levar a mal ;-)

20.6.06

Nos Jornais

«Desengane-se quem pensa que a Praça General Humberto Delgado será, de agora em diante, um grande jardim.
O imenso quadrado de verde, uma verdadeira paleta de cores desenhada com flores e plantas (ver) exclusivamente do horto municipal, é na realidade a tradicional cascata sanjoanina da Câmara do Porto. A estrutura, da autoria de Acácio Carvalho, da Escola Superior de Educação, começou a ser montada na semana passada e estará completamente concluída quarta-feira. Gonçalo Gonçalves, vereador do Desporto, explicou que será construida uma plataforma que permitirá à população observar o S. João desenhado com as flores.
»
N' O Primeiro de Janeiro

Frase # 34

"Há pessoas que gostam e há pessoas que não gostam e as que não gostam julgo que são muito poucas"
Siza Vieira*
(Outras Frases)

* «"Há pessoas que gostam e há pessoas que não gostam e as que não gostam julgo que são muito poucas."
A frase é do arquitecto Álvaro Siza Vieira e surge como resposta às críticas (ver caderno Local - Porto do PÚBLICO de anteontem) que têm sido dirigidas aos projectos de requalificação da marginal quer de Leça da Palmeira quer de Vila do Conde, tal como às mudanças efectuadas na Avenida dos Aliados. Todos trabalhos nos quais Siza Vieira participou.
Se soubesse que os seus projectos iriam receber este tipo de críticas, o arquitecto afirma que "provavelmente" não aceitaria trabalhar neles. Quando o trabalho que se faz é distorcido", não - explicou -, dando como exemplo o caso da iluminação em duas das obras.
Para Siza Vieira, a possibilidade de se reforçar a iluminação em Leça ou em Vila do Conde é um "disparate". "A iluminação calcula-se nos projectos", afirmou ontem o arquitecto, à margem da abertura da exposição Desenho nas Cidades na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Dentro dos projectos, "há engenheiros de iluminação", que fazem esses cálculos, para que não haja desperdícios de energia e não seja colocada "luz de aeroporto", que tem como principal objectivo "ofuscar", com dois sentidos: o sentido literal e o do "exibicionismo, com a ideia de buscar mais votos". No que toca à pintura da ciclovia da marginal de Vila do Conde, o arquitecto riu-se, encolheu os ombros e rematou: "Que pintem! É arte". »
Por Tiago Dias no Público Local (Hoje)

19.6.06

Nos jornais- "O Rei vai nu"

«O Rei vai nu no JN por Manuel António Pina
Pelo que se tem visto desde que está à frente da Câmara, não surpreende a ignorância de Rui Rio acerca do Porto, ignorância que o leva, num recente encarte que fez publicar na Imprensa, a dar S. João Baptista como sendo "o padroeiro da cidade". Surpreende é que ninguém na Câmara pareça saber que a padroeira do Porto é Nossa Senhora de Vandoma, apesar de a sua imagem figurar há quase mil anos nas armas da cidade. Supondo que alguém, no gabinete de Rio, já tenha reparado nos brasões da frontaria dos Paços do Concelho, e que, se não for pedir muito, possua umas luzes básicas de cultura, haverá de ter visto que o Porto é ali designado por CIVITAS VIRGINIS, ou seja, Cidade da Virgem.
O próprio Rui Rio o saberia se lesse o JN, pois ainda há 15 dias Germano Silva aqui publicou um artigo sobre o assunto.
É esta mesma ignorância, se não desprezo, da História e da memória da cidade que está na origem do crime urbanístico que foi a destruição da Avenida dos Aliados e a sua substituição por uma espécie de Tiananmen monocórdica e "sizenta", um inóspito terreiro com um tanque ao meio, que os "alfaiates do Rei" seus autores, e o próprio "Rei", nos quiseram fazer crer que iria ser uma nova Piazza Navona ou uns
Champs-Elysées à moda do Porto

Outros textos de Manuel António Pina
Opinião # 4 - "Uma história trágico-urbanística" - (30/06/05)
Monumento à autocracia - (11.11.05)
Notícias do terramoto do Porto - (10.1.06)